Ser criança é...
Hoje, ao sair da escolinha do puto, reparei num painel no qual se tinha inscrito as palavras "Ser criança é...". Tinha sido pedido a cada miúdo que ele desse uma definição, que depois foi inscrita numa folha A4, e, de seguida, cada um ilustrava a sua. Saltou-me à vista um, que definiu o "ser criança é..." - "ser português". Coitadinho. Tão pequenino e já tão ciente da verdade. Voltei para trás, para me certificar: não foi o meu. Esse achava que era "ser pequeno".
Ser criança é ser português e ser pequeno?
Resignamo-nos a olhar para trás, ver o nosso reflexo aumentado na concavidade da história, só para voltarmos a olhar para o nosso umbigo presente e verificarmos, com um suspiro, que agora já não há nada a fazer?
Não é por mal, mas foda-se, cada vez parece mais que sim.
um rodapé do asterisco, às 11:48
6 anotações
6 Comments:
Bolas se até em crianças temos noção que ser Português é ser pequeno, porque será que crescemos e ignoramos esse facto??? E seguimos em frente (sempre com pena de nós próprios)... enfim...
Bolas!!! Mas que amargura!!!!!
Para a minha filha do meio, ser criança é receber presentes!!!!!
Nós não pequenos somos. Temos a mania é que somos os maiores.
1entre1000's:
É que nem sempre foi assim, não é?
Just me:
Devia ser qualquer coisa do género, sim.
Penso Rápido:
"Superior complexo de inferioridade" é muito bem visto.
AJFF:
Nalgumas coisas, sem dúvida.
Alex:
Admito que foi um pouco um exercício mental: "Ser criança é ser português" + "ser criança é ser pequeno" (que o meu puto só diz porque a gente lhe diz que ele ainda é pequeno para algumas coisas).
Mas a questão mantém-se válida: os portugueses de agora enchem o peito de orgulho por terem sido os maiores no passado, e, mal olham para o presente (ou o futuro, se forem temerários), desinflam tal qual um balão, sob a impressão de serem insignificantes. Não é uma questão de "ser", é uma questão de "pensar ser". Alías, o cerne do problema está aí: na impressão de nós próprios.
Alex:
Há, de facto, uma mudança, mas tenho sempre a impressão que é movida mais pela raiva, do que pelo facto de nos começarmos a encarar de um modo "maior". É a raiva porque os políticos são incompetentes, é a raiva de não receber aumentos decentes, é a raiva de sermos sempre preteridos na UE... A malta está a reagir, mas só para ser contra algo. Vá lá, que, devido a essa reacção, muita gente percebeu que não é insignificante. Mas mantém-se o problema principal: o país (a nação) é visto como pequeno - todos nos lixam, e não há nada a fazer.
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