Snif snif
Alguns cheiros incomodam-me. Não me chateia nada passar ao lado de um campo acabadinho de adubar; até me faz recordar as excursões com o meu avô (cujo trabalho era a coordenação e gestão de um grupo de quintas), para ir verificar se estava a ser bem distribuida a bosta (efectivamente, era do que se tratava). É verdade: inalo.
A mim, o que me incomoda, são os cheiros falsos. O perfume excessivo. Não me interpretem mal: também gosto de, volta e meia, usar um perfume (gosto dos alimonados: se alguém me encontrar um frasquinho que seja de "Monsieur" da Balmain (nome foleiro a olho, eu sei), dou alvíssaras - deixaram de o fazer), mas tenho horror a perfume a mais. No meu livro favorito (está no meu perfil) - alías, no melhor livro que o séc. XX produziu (não é uma opinião, é uma constatação de facto. Do tipo "40 gajos a marchar e só eu com o passo certo"), às tantas o personagem principal diz o seguinte, numa tradução livre: "Nunca confies numa pessoa que usa demasiado perfume. É sinal que tem merda a mais para disfarçar."
E é verdade. Perfume a mais, só serve para distrair. Serve para o nariz pôr os olhos e os ouvidos em K.O., ou pelo menos obrigar o árbitro a uma contagem de protecção.
Está provado que o uso de perfume no ser humano lhe está a retirar, aos poucos, a capacidade de detectar certos cheiros, aos quais os nosso antepassados longínquos recorriam para, por exemplo, detectar que aquela beleza felpuda à sua frente era, efectivamente, a sua futura cara-metade por pré-destinação - hoje diria-se que "foram feitos um para o outro". O dia em que uma fêmea decidiu pôr unguento de mamute no sovaco, foi o dia que fez com que o macho tivesse de desenvolver um vocabulário decente, só para perceber com o que estava a lidar. Em vez de termos o ritual do "snif snif" seguido de uma pancadinha na mioleira com um tronco qualquer, passamos a ter "relações afectivas". Eu gosto de "relações afectivas", mas lá que vieram acrescentar uma data de variáveis, lá isso vieram.
Seja como for, sou apologista de que um banhito diário e um desodorizante discreto são mais do que suficientes.
- Ah, lá no fundo da plateia oiço um senhor dizer que não. Desculpe, não se importa de se levantar, que não o oiço? Então diga lá.
- Je ne suis pas capable de partager cette opinion.
Desculpas aos visados, mas precisava de um finzito para o texto.
18 Comments:
eu consigo criar uma "relação afectiva" com os teus textos, sem dúvida...
Eu uso perfume, uso e gosto mas nunca em demasia e tem que ser um aroma fresco senão faz-me dores de cabeça... quando andava grávida sofria super com os cheiros dos perfumes circundantes... e nessa altura tive que deixar de usar, não aguentava o que quer que fosse...
Olha e digo-te deixas-te-m aqui uma ideia fabulosa para enviar por email a algumas pessoas a frase: "Nunca confies numa pessoa que usa demasiado perfume. É sinal que tem merda a mais para disfarçar." ;)
é verdade: até que enfim um novo post já sentia falta...
1entre1000's:
A frase é muito boa. Adoro o escritor e aquele livro em particular aquele livro.
tenho tido muito pouco tempo para as andanças. Mas não desisto delas.
Já o disse no desafio do 7X7: só há muito pouco tempo é q comecei a usar perfume regularmente. Não há nada que mais me agrida os sentidos que perfume em demasia; pode até ser muito bom, que quem o usar borra a pintura toda.
E tás melhorzinho da enxaqueca? Doi pra caraças, sei-o bem.
Durante a semana passam-se dias sem pôr. Mas quando ponho, também tenho medo de pôr demais, que não gosto. Antes muitas vezes era mesmo só uma enxufradela que depois com um dedo dividia por ambos os lados do pescoço, agora pronto, são duas, uma de cada lado e chega bem.
B-Good:
Um pouco, só para despertar os sentidos, é a medida correcta.
De resto, estou bem, de novo. Já não tinha uma daquelas há muito tempo - aliás: nunca tinha tido uma daquelas. Fiquei um dia de estaleiro, com direito a visitas frequentes à sanita. Que horror.
Bonifaceo:
A minha técnica, é pôr antes da roupa. E "enxufradela" é uma palavra bestial.
Eu não uso. Quanto muito, uma aguinha de colónia Johnnson nostálgica, mas nada mais. Ainda não encontrei o tal. E o perfume também não.
S.:
Eu uso, muito raramente. E até já tinha encontrado o meu cheirinho de eleição, mas depois fizeram uma campanha de publicidade tão miserável, tão miserável (aliás, todas as camapnhas de perfumes são más - aquela "só" era péssima), que deixei de usar. Por protesto.
Pois, perfume só em dia de festa. Naqueles dias em que sei que, ou me encharco num perfume que goste e fico a sentir aquele cheiro o dia todo, ou então vou ter que levar com o cheiro do dos outros. Assim como assim, prefiro o meu. De resto, é a àgua de colónia para crianças que uso vai para uma década!
Just me:
Por acaso, gosto da do Principezinho.
Fabuloso, diria que quase uma sátira aos franceses heheheh!!!
mas tenho a dizer que sou louco por perfumes, não despejo frascos pela cabeça abaixo porque sai caro e dá dirito a uma valente dor de cabeça, mas sabes que distrair os outros e uma arte , hoje em dia é tudo tão fácil que tem que se inventar e tornar as coisas mais interessantes, especialmente quando se altera os cheiros e ninguem identifica o o aroma heheh
O meu livro favorito é sem dúvida o " Perfume" pena que o Suskind não tenha tido mais rasgos daqueles...
Se tivesse nascido em 1800 provavelmente andava disfarçada de homem e seria perfumista ao alquimista heheh espero que entendas a do disfarçe... é que tanta beleza, com um cheiro divinal, dava direito a ir para à fogueira ;-)))
Fabuloso, diria que quase uma sátira aos franceses heheheh!!!
mas tenho a dizer que sou louco por perfumes, não despejo frascos pela cabeça abaixo porque sai caro e dá dirito a uma valente dor de cabeça, mas sabes que distrair os outros e uma arte , hoje em dia é tudo tão fácil que tem que se inventar e tornar as coisas mais interessantes, especialmente quando se altera os cheiros e ninguem identifica o o aroma heheh
O meu livro favorito é sem dúvida o " Perfume" pena que o Suskind não tenha tido mais rasgos daqueles...
Se tivesse nascido em 1800 provavelmente andava disfarçada de homem e seria perfumista ao alquimista heheh espero que entendas a do disfarçe... é que tanta beleza, com um cheiro divinal, dava direito a ir para à fogueira ;-)))
Maria Madalena:
Bem, lá está: eu também gosto de perfumes. Não gosto é de PERFUME.
Em relação aos franceses: por alguma razão foram os inventores da indústria farmacêutica - aquilo na corte de Luis XIV era uma autêntica nojeira - mesmo segundo relatos da altura.
Em relação aos disfarce: fico feliz por teres nascido nestes tempos tão pouco castigadores, então!
Bem, esse comentário é quase m galanteio hiihi
Viuva Negra:
Ooohhhh. Só "quase"? E eu que me esforcei tanto...
olha .... pois.
nem a propósito
Eu gosto de "relações afectivas", mas lá que vieram acrescentar uma data de variáveis, lá isso vieram.
ADOREI!
Alex:
Hehehe. Às vezes sim, às vezes não, mas mais frequentemente maizoumenos a propósito.
Maresia:
Aqui que ninguém nos ouve: modéstia à parte, também achei que me tinha saido bem, aquilo. Sobretudo porque não me saiu da cabeça, mas sim directamente dos dedos.
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