Comentário Político I
Bom, então mudamos de governo. E logo duas vezes em nove meses. Parece o PREC.
E andamos a distribuir ex-primeiros-ministros pelo mundo fora, que é uma alegria de se ver.
Pela segunda vez (consecutiva), tivemos um primeiro-ministro que se decidiu pela fuga para a frente, e arriscamo-nos a ter mais, porque pelos vistos é recompensada.
Depois seguiu-se um, que só quem não for ceguinho não viu que se ia espalhar ao comprido. Melhor: que ia ser espalhado. Não quero aqui discutir a competência do senhor, mas o facto é que dentro do seu próprio partido foi boicotado, a comunicação social boicotou-o e ouvi dizer que nem o macaco-de-sobrancelhas-arregaçadas de Madagáscar na gaiola 154 do Zoo o queria lá. Verdade seja dita, que ele se prestava a cabeçalhos de jornal, tal foi a falta de disciplina que grassava naquele governo: sai um ministro a dizer uma coisa, aparece o primeiro-ministro a desmentir, para depois aparecer o mesmo ministro a dizer que o primeiro-ministro não queria bem dizer aquilo e que, de qualquer modo "eu é que sei". Foi uma trapalhada.
Claro que, às tantas, houve eleições antecipadas (já vamos ao comentário presidêncial), e ganhou o PS(D).
Ao contrário do governo de Santana Lopes, este está a ter um período de graça alargado, o que já se sabia que ia acontecer.
Medidas: aumento do IVA em dois porcento (onde é que já vi isto?), aumento do imposto sobre a gasolina, gradual equiparação da função pública ao privado (no que toca a reforma), congelamento das promoções automáticas na função pública (agora é somente por mérito - estão feitos!), criação de um escalão adicional para rendimentos acima dos 60.000 Euros anuais e o fim das pensões vitalícias para os políticos.
Ponto por ponto:
- Aumento do IVA: passamos a ter (se não tinhamos já) o IVA mais alto da Europa. O que é que pode dizer mais? Dizem que o aumento vai para a Segurança Social.
- Imposto de gasolina: o aumento vai para pagar as SCUTs. Eu tenho carro e mota, e não uso as SCUTs. Aumentem o imposto de gasolina, OK. Mas acabem com as SCUTs.
- Equiparação da função pública ao privado: já não era sem tempo.
- Promoção em função de mérito na função pública: para quem tem, estatisticamente, uma das funções públicas menos produtivas da Europa (colocar função pública e produtividade na mesma frase dá direito a nomeação para o prémio Pessoa, sabiam?), já não era sem tempo.
- Escalão para os rendimentos altos: OK. Mas quem é que fiscaliza? Já toda a gente sabe, que são precisamente esses que mais fogem aos impostos. Lembram-se de Manuel Damásio, que, no ano em que declarou o rendimento mínimo nacional no IRS, ia de helicóptero para a praia?
- Fim das pensões para os políticos: parece-me bem. No entanto, deveria ser acompanhada de outra medida: a equiparação do rendimento dos políticos ao privado. É uma despesa, mas o facto é que um profissional de topo, salvo raras excepções, não vai abdicar da sua carreira bem paga para ter chatices no governo. A não ser que queira, depois, um lugar na CGD, GalpEnergia, Águas de Portugal, etc.
1 Comments:
Sim, provavelmente por isso e
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