Monday 9 October 2006

Povo


Eugène Delacroix (1788 - 1863)
"A Liberdade guiando o Povo" (1830)
260 x 325 cm; óleo sobre tela
Ao ler as citações do dia, hoje no Público, não consegui deixar de pensar que os vários intervenientes nos acontecimentos deste país devem usar a palavra "povo" como quem diz "aqueles atrasados mentais todos". É que o "povo" tem opiniões de tal modo extraordinárias e as coisas que espera que aconteçam são de tal modo incríveis, que eles só podem ter uma opinião muito estranha sobre quem eles dizem querer e esperar aquilo. Às vezes, infelizmente, até têm razão - é ver o porquê dos ilustres senhores estarem onde estão: a começar pelo facto de as democracias terem deixado de ser um sistema no qual se vota na melhor das propostas, para se passar a votar na proposta que mais lixará os que lá estiveram antes - já se percebe o sururu que o Saramago (do qual, por sinal, não gosto) criou nas nossas classes dirigentes, quando desenvolveu a teoria dum país no qual todos votaram em branco - era a chapada de luva preto-carregado que os senhores precisavam.
Numa nota mais cultural, fica aqui mais uma coisa que eu aprendi: o quadro aqui acima, não é relativo à Revolução Francesa (como eu sempre achei, até hoje ter dado uma volta por aí para descobrir mais sobre ele), mas sim à Revolução de 1830, quando o rei Carlos X foi destituido e no lugar dele foi colocado o rei Luis-Filipe. Não que tenha adiantado muito, porque este também foi de mota, na Revolução de 1848. O senhor que se seguiu, foi chutado quando perdeu a Guerra Franco-Prussiana.
Seja como for, foi numa altura em que "povo" era uma palavra que ainda tinha o seu sentido original.

9 Comments:

At 9/10/06 17:54, Anonymous Anonymous said...

As sick it can sound, I believe other net publishers are going to surf this webpage with jealousy as I'm sure enough it transforms their web page appear unrelated. - getting pregnant

 
At 9/10/06 18:07, Anonymous Anonymous said...

Mas o povo é uma coisa, o povão é outra! No dia em que o povão subir ao poder quero estar num spa; o pior é se já subiu, já roubou e já fugiu para o Brasil e de talassoterapia ainda não vi nada.
Não há nada a fazer contra estes estrunfes invasores? Um word verify?
Lashna

 
At 9/10/06 18:10, Anonymous Anonymous said...

Ou como dizia o Hino da Revolução: "Alons, Alonso!"
zf

 
At 9/10/06 18:53, Anonymous Anonymous said...

Isto o significado das palavras, como muitas outras coisas, vai-se perdendo com o tempo. E as certezas também.

Agora «getting pregnant??»
Porra, pá, o teu spam além de analfabeto tá um bocado, digamos, desorientado.

Mas parece que gostou de ti... já te disse, agrafa-me essa folheca ou ainda aprecem por aí uma séri de . . . . . . :-D

 
At 9/10/06 20:28, Blogger 1entre1000's said...

Olha e eu te escrevo (que as minhas letras tb são da letra do povo) que o que mais gostei deste teu post foi aquele ( ) mágico que diz: que não gramas o Saramago, porque eu tb francamente o ponho bem na beirinha do prato... e as longas horas de seca que já apanhei por criticar tão magnânima personalidade...livra!

 
At 10/10/06 15:06, Anonymous Anonymous said...

Percebo o que queres dizer, não há pior do que o "povão" tacanho e que só sabe dizer mal e depois não vota. Não adoram quando vão para a frente dos jornalistas que estão em directo na TV e lhes estragam a peça? Tristeza...
zf

 
At 13/10/06 17:44, Blogger asterisco said...

Anonymous:
I understand didn't crap of you have wrote.
Anyway: I can teach you how to get pregnant. Let me get my dog.

Lashna:
Nada se faz sem o povão. Do mesmo modo que nada se faz sem as elites. é preciso é puxarem todos no mesmo sentido, e não todos para si.
Eu não ponho o Word Verify, porque não gosto de o preencher, portanto não o imponho aos outros. Para além disso, dá-me gozo insultar os gajos. Bem sei que aquilo é feito automaticamente, mas enfim... sou um pouco estúpido, nestas coisas.

ZF:
Hm. Não sei, não. Não gramo do gajo. Talvez melhore com o tempo (como outros já o fizeram), mas por agora, é um puto arrogante. A ida para a MacLaren vai torná-lo humilde, disso podes ter a certeza.

Deixa lá estar, que "nic" soa bestialmente gay:
Agora é que aceraste em cheio: o que muda, é o significado das palavras. É o preço do acomodamento.
A folha já está de pedra e cal. Vai ser é o diabo daqui a uns tempos tirar a supercola dum grande amigo meu...

1entre1000's:
É tudo por fases. Depois de ele ganhar o Nobel, tornou-se moda dizer que se gosta imenso daquele poço de intelectualidade. Eu continuo a dizer, que ele só ganhou o Nobel, porque os tipos da Academia Sueca leram a obra dele traduzida por um tipo que sabia colocar pontuação.

ZF:
Pois. Mas lá está: nada se faz sem o povão. E não tenho coragem de me colocar acima dele.

 
At 16/10/06 10:31, Anonymous Anonymous said...

Não me referia ao povão enquanto força trabalhadora, referia-me às forças de bloqueio que decididamente não puxam para lado nenhum.
Lashna

 
At 16/10/06 12:56, Blogger asterisco said...

Lashna:
Sim, tens razão nisso. Mas quando a própria oposição (e não me refiro à do momento, refiro-me à generalidade) se vê como força de bloqueio legítima, e trava tudo só pelo simples facto de ter perdido umas eleições e porque acha que a oposição serve somente para dizer "não" e nunca reconhecer que às vezes pode até não ter razão, pode-se dizer que o exemplo vem de cima, não é?
A democracia é uma coisa bonita no papel, mas, como todos os sistemas esquece-se que o componenente principal é o ser humano. E esse está longe de ser perfeito. Muito longe.
É como dizia o Churchill: A democracia é a pior forma de governo, se exceptuarmos todas as outras formas que foram experimentadas de tempos em tempos.

 

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