Tuesday, 12 July 2005

Avanço tecnológico II

E assim partiram os nossos três heróis, em direcção à Lua. Após o disparo dos motores, ainda se aguentaram à bronca. O "Mãozinhas" ainda se ouviu sussurrar "Epá ganda máquina isto acelera melhor do que a minha Famel", mas depois também sucumbiu à aceleração. Os Walkie Talkies também só tinham um alcance de 2 quilómetros (promoção do Modelo / Continente: "leve dois, pague um", e agora, que até não se paga o IVA, foi levá-los às pázadas).
O primeiro a acordar foi o "Torniquete", que rapidamente tratou de acordar os colegas à força de suaves mas bem colocadas pancadinhas na mioleira. De seguida, levantou-se para, nas suas palavras, "ir largar barro", levando consigo o Record e a Bola, o que os outro levaram a mal, mas ainda estavam doridos, portanto não disseram nada.
Sempre lhes deu algum tempo para estudar os manuais de instruções do "Camões I", que não tinha havido tempo, sobretudo porque a fotocopiadora de serviço tinha avariado na sexta-feira e, claro, técnico, nem vê-lo. Por esta altura, a nave chegou àquele ponto de equilíbrio no qual a gravidade da Terra é anulada pela da Lua, e rapidamente foram distraidos pelo facto de as sandes de torresmos e os TetraBricks de "Uva da Parra" ficarem em navegação autónoma. O "Torniquete" estava a ter um ataque de nervos, porque tinha acabado de puxar o autoclismo, e aquilo tudo era demais, mesmo para um tipo com mãos do tamanho de uma página A4.
Resolvido o estrago (é uma maneira de o dizer...), chegaram à conclusão que o "Torniquete" tinha recorrido ao carregamento inteiro de papel higiénico, o que o fez declarar, como chefe das operações, que "é dar-lhe gás, que agora só se caga na Lua e quem não o fizer é bom que tenha um bom par de bochechas, que eu não quero cá merdas!", o que foi interpretado como, bem vistas as coisas, até bem dito.
A duas horas da chegada à Lua, o centro de operações na Terra, emitiu um comunicado: "Aqui Cacilhas para Camões I. Vão ter que fazer uma correcção na trajectória de 1,4 graus para estibordo. Óveranáute.". Após descodificada a mensagem, foram feitos os cálculos pelo Quim Manel, que, de desviar tanta canalização, já sabia tudo: "Ora bem, o vinhito tem 14 graus, mama-se um décimo, pronto, fica corrigido. Agora isto de estibordo..." - o "Mãozinhas", lá resolveu a coisa, ao reparar que o leme estava etiquetado "estibordo - centro - bombordo". Colocou-se o Quim Manel onde dizia estibordo, deitou-se-lhe um decilitrozito pela goela, e já está. Esta solução, tida como "brilhante cumó caralho" pelo "Torniquete", foi, no entanto, mal vista pelo centro de operações, que avisou que ainda estavam desviados. À falta de melhor, o "Torniquete" mandou um soquete no Quim Manel, que resvalou no leme, originando a notícia de que, segundo Cacilhas "...está tudo bem. Óveranáute.".
Tiraram à sorte quem ficaria no "Camões I" e quem se iria sentar no módulo lunar "Adamastor". Ganhou o Quim Manel, com um olho azul e o "Torniquete", incólume.
"Arre que esta merda é apertada", mas lá se instalaram, prontos para a segunda parte da sua aventura. Precisamente às 16.43, hora de algum lado na Terra, de certeza absoluta, separaram-se do foguetão, em direcção à Lua. Chegados à Lua, voltaram para trás, que se tinham esquecido dos capacetes e "já me disseram que aquela merda é só pó, um gajo sem capacete nem consegue respirar.". À segunda lá foi de vez. O "Torniquete" abre a porta do "Adamastor" e desce as escadas, proferindo as palavras, imediatamente declaradas imortais por si próprio: "Este é um pequeno passo para um homem, que com este fato um gajo tropeça por qualquer merda.".
Uma vez em solo lunar ("Nem a cave da Dona Etelvina, onde lhe desentupi a fossa ainda a semana passada, era tanta pedra e pó. Deviam falara com a empregada, ai se deviam, que isto é uma badalhoquice."), começaram a instalar toda a aparelhagem científica. Análise do solo para o cultivo da batata, prospecção de volfrâmio para mandar vir a malta da mina da Panasqueira, incidência do Sol, para ver se a uva fica com muito grau ou não, medição de vento, para ver se se pode instalar um gerador eólico, enfim, as coisas do costume.
Finalmente, montaram o "Nau Catrineta", o veículo de locomoção lunar, concebido e construido pela Metalomecânica "Unidos da Picheleira", Lda. Quatro rodas (até ao chão), spoiler dianteiro e traseiro, escape "Remus", farolins tipo "Lexus" e baquets "Recaro". Um brinco. Inicialmente, o motor 1.0 quitado, tirado do Corsa da mulher do Jóni "Pisco", estava um pouco renitente, mas após o "Mãozinhas" aconselhar via rádio "umas porradas no cárter", a coisa lá andou.
Por esta altura, o "Torniquete" já se queria ir embora, que o SG Filtro que ele acendera antes de pôr o capacete já ia no que lhe dava o nome e ele esquecera-se que, depois de posto, o capacete já não o deixava deitar fora a beata. Vá lá, que pelo meio ainda se lembraram de deixar uma bandeira de Portugal, das que tinham sobrado do EURO 2004: em plástico, cores nacionais de um lado, "TMN" do outro. Treparam para o "Adamastor" tiraram os capacetes, sendo que o do "Torniquete" largou uma nuvem expessa, acompanhada das palavras vindas de algures na bruma "Até a Lua já 'tá toda cagada. O ar 'tá um nojo.".
Pouco depois já iam ao encontro do "Camões I" e após duas ou três tentativas falhadas de prender as duas naves uma à outra, lá acoplaram. Tendo em conta que era o "Mãozinhas" responsável pelas tentativas falhadas, isso despertou logo o humor de finíssimo recorte do "Torniquete" que declarou alto e bom som, que "com essa pontaria a tua mulher deve 'tar a precisar que eu lhe dê umas voltinhas, ó caralho!", após o que colapsou emitindo grunhidos passíveis de serem interpretadas como gargalhadas alarves.
Mantém-se as perpectivas já avançadas anteriormente para a chegada à Terra, sendo que Cacilhas acaba de anunciar, que "definitivamente excluimos a zona entre a Berlenga Grande, a Berlenga Pequena e Peniche para a amaragem, porque já estão marés vivas e já não há ferries, e quem é que os ia buscar, que com esta coisa das marés vivas não se brinca.".

15 Comments:

At 12/7/05 20:46, Blogger LPC said...

Xiuuuuuuuuuuuuu!
Não dês essas ideias aos americanos!!!!!!! :X

SOBERBO!

[[]]

 
At 13/7/05 09:07, Blogger B-Good said...

deixas-me de rastos...c tanta poeira a entrar-m pelo monitor "adentro" e o cheiro do fax q o outro mandou, tou s comentários...
tu andas a plagiar alguém ou isto és mesmo tu?
LLLLLOOOOOOOLLLLLL

 
At 13/7/05 10:20, Blogger nana said...

excelente capítulo dois.
boa prosa, grande narrador.
Espero a Viagem(trabalhosa) de regresso, outras Viagens pelo planeta por nós ocupado,histórias, " o que quiserem dar" como dizia akgém... E já agora,Como devo citar o autor???? desta pós-moderna "epopeia" lusa??

 
At 13/7/05 10:23, Blogger nana said...

de asterisco??

 
At 13/7/05 10:36, Anonymous Anonymous said...

Muito bem! Consigo captar a verdadeira essencia dos astronautas Portugueses ao ler esta Ilíada! Desde q história do Homem elefante que não via um argumento tão bom!
(Mas acho que continua a faltar as gaijas....)

 
At 13/7/05 10:36, Blogger S. said...

Eeeehehe aaaahhhhhh ahahahahahaaa eeeehehehheheheh ehehehhe iiiihihhhihhiiiihhhhihihih..aii...posso ser a mãe dos teus filhos?...ahahhahaaa ihhhihihihihihih... mais uma, se fazes favor, que três foi a conta que Deus fez.

 
At 13/7/05 11:20, Blogger asterisco said...

Gumm:
Acho que os américas já a tiveram, mas resolveram-na da maneira mais insípida possível: com relativa eficácia.

Miss Caipira:
Descansa bem.

B-Good:
A pergunta quase que ofende. Se não fosse meu, no mínimo poria um créditozito.

Nana:
É. É o asterisco.

Míscaro:
Cheira-me a exagero, mas ainda bem que gostaste.
Em relação às gajas: não surgiu a oportinudade.

S.:
Eles ainda não chegaram cá...

 
At 13/7/05 12:34, Blogger B-Good said...

ó pá, n sejas assim, tava a brincar :(((

 
At 13/7/05 12:39, Blogger asterisco said...

B-Good:
Também eu. É tudo gamado. Aqui que me lês, até este comentário estou a escrever com um dicionário, um prontuário e uma gramática no colo.

 
At 13/7/05 14:59, Blogger Indibiduo said...

Hehe, Oh pá fabuloso, e a Famel?

Fantástico.

Já agora sabes porque deram o nome de FAMEL?

Quando os tipos estavam a ver o último modelo (a dita Famel, que ainda não tinha nome), há um que diz:
- Foda-se A Mota É Linda!

 
At 13/7/05 15:00, Blogger S. said...

Asterisco e Míscaro: Mas eles não levam uma Sereia a bordo para lhes amparar a queda?

 
At 13/7/05 15:08, Blogger Patioba said...

De ir às lágrimas! Muito bom! :D:D:D

 
At 13/7/05 16:06, Blogger asterisco said...

Run Away Man:
Sim, é boa. E também tens a SIS Sachs V5 - vão cinco.

S.:
Pois, bem visto.

Patioba:
Pois, chega a ser triste...
Mas ainda bem que gostaste.

 
At 13/7/05 23:23, Anonymous Anonymous said...

Upss! sorry! erro tecnico esse da sereia :)))

 
At 14/7/05 23:29, Blogger asterisco said...

Don´t worry. Há mais sereias no mar.

 

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