Avanço tecnológico III
Após alguma expectoração, seguida e antecedida de violentas pancadas no peito, o "Mãozinhas" e o Quim Manel lá conseguiram evitar, a muito custo, que o "Torniquete" accionasse a manivela da janela, de modo a expelir o produto. Acto que lhes custou cinco calduços, três chapadas e cinco xutos. Teria sido pior, não fosse um novo comunicado: "Aqui Cacilhas para Camões I, escuto.", prontamente respondido pelo capitão com "Rrrrrááááááá...ptu! Qu'é qu' foi, caneco?". O posto de comando aconselhava a que os nossos intrépidos heróis desacoplassem o "Adamastor", para assim poderem voltar para a Terra no "Camões I". Isto devolveu logo novo alento ao "Torniquete", que, após entrar no módulo lunar para ir sacar o maço de tabaco, o Bic, a Nossa Senhora de Fátima (brilha no escuro, com caixa de música) e o cachecol de Portugal (o Quim Manel queria deixá-lo na Lua, o que motivou o Torniquete a lhe madar quatro estalos nas orelhas, o que até teria funcionado, não estivessem os dois de capacete - "Se és homem, tiras já essa merda!"), decidiu atacar a zona de acoplamento com um malho de 45 quilos. Terminada esta fase, começou-se a notar a falta de eficácia do sistema de filtragem do ar, que tinha sido palmado ao Sr. Eng. Sousa Teles (ao qual foi cobrado um filtro novo para o ar condicionado do seu Volvo). Sobretudo porque já tinha chegado a altura de encher o bandulho, porque o três chegaram ao acordo de "se a malta lá em casa descobre que andamos a chupar um tubinho, 'tamos fritos". Evidentemente, o odor coporal dos três, exponenciado pelo queijinho de Nisa, o vinho a martelo, os coiratos e as sandes de torresmos, já para não falar no facto de o "Torniquete" ter posto os calos a arejar logo no início da viagem, tornaram as inalações penosas, mesmo para três veteranos odoríferos deste calibre. Numa primeira instância, adveio algum conforto pelo facto de acenderem uns cigarritos, mas às tantas os gases misturados na atmosfera tornaram-se voláteis, o que provocou uma ligeira explosão (que fez lembrar os flashes "photográficos"), chamuscando as patilhas do Quim Manel, o bigode do "Mãozinhas" e o carpélio do "Torniquete", que já se tinha posto mais à vontade. Acabou por ser a razão, aliás, pela qual desistiram de ligar o Camping Gaz, para preparar a janta e assar o chouriço.
Seja como for, também, nesta altura já a nave espacial ia a meio do regresso, tendo deixado para trás tudo menos a cápsula de sobrevivência, única peça do conjunto a regressar à terra, e aptamente baptizada de "Sereia", nome considerado por todos os intervenientes "um pouco apaneleirado".
Tratava-se agora de acertar na entrada na atmosfera, o que necessitava de uma nova correcção da rota e o "Torniquete", que nestas coisas já era um veterano, e também por via das dúvidas, desta vez mandou um soco ao "Mãozinhas", que resvalou no leme, tendo alcançado um desvio de 4 graus, o que fez com que fosse considerado o vencedor naquele particular. Era pretendido um de 2 graus, mas assim, segundo Cacilhas pelo menos, em vez de amararem algures entre Madagáscar e a Índia, iriam parar para os lados das Maldivas, o que não incomodou ninguém. Aliás, o "Torniquete" foi motivado a declarar que era "um génio, foda-se".
Houve um novo momento de frisson, quando a "Sereia" foi engolida pela atmosfera terrestre, e o "Mãozinhas" decidiu que se devia abrir a janela, que isto "está um calor, que parecia a costa da Caparica", mas o facto de as labaredas que penetraram no habitáculo lhe obliterarem o capacho, fez com que, posteriormente, achasse que até nem tinha sido muito boa ideia.
Foi enquanto se fazia notar ruidosamente o esforço dos três tripulantes em deslocar os pedaços dos torresmos que se tinham alojado entre os molares (recorrendo a uma combinação milenar, dominada apenas por um punhado de verdadeiros lusos, de palito, língua e vácuo forçado), que Cacilhas os aconselhou a sentarem-se de novo, porque se aproximava a amaragem - pelo menos era o que se esperava, porque nesta altura as coisas já se calculavam à mão, devido ao facto de as pilhas da Casio do Sr. Eng. Curto terem pifado, e o radar da Portela também já não era o que em tempos fora.
De facto, dez minutos depois, já a "Sereia" boiava junto à costa da Papua-Nova Guiné, enquanto a fragata "Barbatana de Chaputa", da Marinha Portuguesa se fazia ao mar, após terem finalmente conseguido recolher todos os marinheiros dos vários bares no Cais do Sodré e arrancado o capitão dos braços de uma certa Natasha Dayleva, na estalagem Barata d'Ouro (águas correntes, bichos idem-idem-aspas-aspas, aceitam-se todas as formas de pagamento).
No centro de comando de Cacilhas festejava-se, sobretudo porque os engenheiros estrangeiros tinham declarado que nunca tinham visto nada igual, o que foi entendido como uma declaração de derrota.
O "Mãozinhas" e o Quim Manel até aprenderam a nadar, quando receberam um telex de parabéns, a declarar que seria a primeira de muitas e que em equipa vencedora não se mexia.
29 Comments:
Li com galáctico interesse o terceiro capítulo da saga dos portugueses em regresso ao planeta.
Aguardo em expectiva ulteriores missões...
Cacilhas,Óveranáute
Aqui Niza (a Nasa Portuguesa),pára lá de t armares em astronauta e vê lá s aterras noutros blogs, escuto.
(e já agora, é q tens jeito pra isto, da-s!)
Nana:
Se servir para te ter por cá mais vezes, a malta vai , pelo menos,tentar.
B-Good:
Tens razão. É que, francamente, só tenho tido tempo para umas postas aqui. Mas arranjei agora um buraquinho. Vou atracar para outras paragens.
Esta Trilogia da Guerra das Estrelas à Portuguesa está cada vez melhor! Espero..., como boa TRILOGIA que se preze, que tenha mais episódios ;) :D:D:D
Patioba:
Acho que não. Para o fim, já estava difícil. Mas deve-se arranjar qualquer outra coisa, que este país dá para hiperbolar que se farta.
Fantástico a parte da lingua, palitos e vácuo. Mas desta esqueces-te de confiacar algo...
Era para haver, mas os trabalhadores da Fábrica Almadense de Bóias souberam, e fizeram um piquete à porta das instalações, armados de elásticos e clips, o que tornou a coisa impossível.
Acho que vou ter saudades de ler mais episódios desta Ilíada :((
Abraço
PS:Nunca durmam na "Barata d'ouro", está cheia de pulgas! :))
Miss Caipira:
Olha, o trabalho é a razão de hoje, em princípio, só poder responder aqui rapidamente aos cometários que a malta deixa deixa. Já sabes, mas volto a dizer: pode ser que eu escreva aqui uns disparates, mas posts com o conteúdo do "Drama" batem isto aos pontos.
Míscaro:
Redirecciono-te ao comentário que fiz aqui à Patioba.
De resto: que sejam as pulgas o menor dos males. É o único sítio do mundo (daí já ser património clínico mundial) no qual se apanha gonorreia por inalação.
Estou rendida... É a primeira vez que por cá passo, mas já estou rendida! LOLOLOL
:D
Mais um cliente satisfeito!
;)
katz:
Cometários são o motor de qualquer blog; comentários assim, propulsionam-me (juntamente com os outro três)até
à lua. Obrigado.
S.:
Sim. É como o Actimel: um por dia e note a diferença. Já me começo a sentir melhor, e tudo.
Eu tou viciada, admito. Não me refiro ao Actimel. Ninguém aguenta tanto iogurte assim.
É como a receita da sopa da pedra: pegue numa pedra, uma pitada de sal, azeite q.b., um litro de água, coza tudo durante 20 minutos. Fica perfeito se deitar fora a merda da pedra e lá puser uns bons legumes.
E já agora um pedacinho de chouriço para dar sabor, umas batatinhas para não ficarem a estragar, e uns feijões que sobraram...
Isto ainda vai virar o Guia Culinário para os Esfomeados da Galáxia!!
Desde que não me estraguem a sopinha com a merda do raminho de menta...
Podes sempre tirar do bolso a mosca da praxe e pedir mais sopa. :P
Como já disse: se não vier com o ramito...
Se vier, pousas a mosca em cima!
Coitadinha da mosquinha.
É de plástico...Não é!?
Uma é. Eu estou a falar da outra, verdadeira, que foi atraida pelo traseiro aparentemente tão firmezito da de plástico, e, na maluqueira, se desiquilibrou e caiu na sopa. Coitadinha.
Ela que se agarre à que boia. tss tss.
Ela tentou, mas a tentação de baloiçar (chamemos-lhe assim...) foi mais forte do que ela, e "plaf". Têm um libido lixado, as moscas.
É porque a de plástico era produto rasca directamente importado da Tailândia. Se fosse mosca de design alemão, isso já não acontecia.
Sim. Têm uma barriguinha mais estável e flutuante.
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