Monday 16 April 2007

A vida é uma soda

fake
Tenho um amigo, que comprou um Rolex. Achava ele. Ao fim de dois anos e picos, começou a desconfiar: aquilo não funcionava lá muito bem e tal, dava as horas, tudo bem, mas atrasava-se mais do que ele estava à espera - que diabo, era suposto ser um Rolex!!
Claro que, depois de observar a coisa mais a fundo, descobriu que tinha sido engrominado. Não que ele fosse inteiramente inocente: o vendedor do relógio já tinha anteriormente, impingido a um outro amigo um "Breitling" que só deixou de o chatear, quando foi recambiado para Genebra. Neste caso, ele desconfiou porque aquilo, de facto, não fazia nada; no início os ponteirinhos ainda andavam às voltas, mas rapidamente se deixaram disso. Quando ele o enviou, cheio de boa fé, para a fábrica em Genebra, eles explicaram-lhe que aquilo era mentira, mas que, pronto, lhe faziam o favorzinho de ficar com ele. Possivelmente iria para um museu ou outro sítio em que não fizesse tantos estragos. Sim, porque relógios que não fazem nada, podem muito bem dar origem a estragos!
Seja como for, o meu amigo do Rolex está chateado:
  1. porque ninguém gosta de ser enganado (embora, admitidamente, este já deveria estar habituado: é um pato, no que toca estas coisas: há uns tempos comprou (outro vendedor dubioso...) um peixito "mesmo fresquito, acabadinho de apanhar no Atlântico Norte", e depois descobriu que era de aquicultura, duma exploração em Bruxelas);
  2. porque ele queria mesmo era um Rolex eficaz, e ficou-se por um Bolex ineficaz: dá as horas, atrasa-se um pouquinho, é verdade, para o que é, até vai dando, mas não é um Rolex!;
  3. Porque o vendedor se vai safar na maior, apesar de já ter engrominado mais uma data de gente;
  4. porque o relógio continua a funcionar (maizoumenos mal), como se nada fosse e
  5. porque ele não consegue descobrir nenhum outro destino para o relógio: não lho aceitam em lado nenhum, e olhar, dia-sim-dia-não, para ele já o começa a irritar: fá-lo lembrar que, mais uma vez, o enrabaram. E não foi com o vibrador que o Beckam ofereceu à sua Victoria (por sinal, uma belíssima duma autocrítica), mas sim com uma cópia barata, incrustada com zircões e movido a pilhas "Duramol": as do hamsterzinho.
É lixado. É como comprar um filósofo de ponta, e sair-nos um Fócrates.

6 Comments:

At 16/4/07 23:07, Blogger bonifaceo said...

Eheh, é lixado. Não sei como foi feita a compra, mas se não foi numa loja "como deve ser", é sempre de desconfiar.

 
At 17/4/07 09:57, Blogger asterisco said...

bonifaceo:
Até tinha um aspecto legítimo, o estaminé. Mas talvez seja de desconfiar, quando é fundado por um tipo que batia na sua própria mãe.

 
At 17/4/07 11:31, Blogger B-Good said...

Mas olha que se durou dois anos... não tá mal...
E como é que sabes que o tipo batia na mãe?

 
At 17/4/07 14:27, Blogger asterisco said...

B-Good:
Eu sei que tenho uma mente completamente retorcida, por isso, fica aqui uma breve explicação da analogia contida nesta posta. Ora cá vai:
a. Rolex = Sócrates
b. Breitling = Guterres
c. Peixe = Durão
d. Vendedores = respectivos partidos
e. estaminé = Portugal.
Está bem que Afonso Henriques não bateu na mãe, propriamente, mas andou lá perto.
É o que chateia o meu amigo: o Rolex andava mal (para um Rolex), mas até agora pelo menos vivia-se na ilusão de ele ser um Rolex. Agora continua a andar mal, e é um Bolex.

 
At 17/4/07 15:47, Blogger B-Good said...

Bem... aqui os burros agradecem as legendas :)

 
At 17/4/07 15:54, Blogger asterisco said...

B-Good:
Hahahahahaha!!!! As analogias, de facto, eram um pouco rebuscadas...

 

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