Thursday 18 May 2006

Eh, toure lindeeee!!!!


Pablo Picasso (1881 - 1973)
"Tourada III - Picador"
manipulado digitalmente; para ver o original, clickar na imagem

toquei no assunto de raspão, mas como hoje é que é o dia da primeira tourada, desde há 7 anos, no Campo Pequeno, vou-me alongar um pouco mais.
Antes de mais nada, sei perfeitamente que isto é um exercício fútil; não vai alterar em nada a opinião das pessoas. Só o faço, porque acho que, em média, somos todos minimamente inteligente (sendo que daria pano para mangas o que cada um faz com essa inteligência), e que, em honestidade connosco próprios, às vezes temos de admitir que suportamos uma opinião com argumentos coxos. Não que isso nos faça mudar de opinião na maioria das vezes - infelizmente - e falo também por mim. Ou seja: gostem lá de tourada, mas parem com o nomear de argumentor parvos, por favor.
É evidente que se deve respeitar o costumes e tradições de um povo - em boa parte, são o que o distinguem dos outros. Mas acho que também se deve ter noção de que as tradições e os costumes podem caducar. Perde-se algo que é parte integrante de uma cultura? Talvez. Mas desde quando é que isso é necessariamente mau?
O argumento de que a tourada é um costume já antigo em Portugal, é, evidentemente, válido. Ninguém o disputa - existe desde o séc. XV, qualifica-se como antigo, evidentemente. Mas também era um costume antigo enterrar um galo na terra, deixando só a cabeça de fora, e depois ir a correr en direcção a ele e tentar decapitá-lo de um só golpe com um pau. Claro que a malta, como também manda a tradição, já vai bem etilizada para esta luta (feroz!) entre o homem e a besta, o que traz como consequência que a coisa só lá vá com várias tentativas.
Há muitas tradições a desaparecerem, e não vejo os senhores Ribeiros-Telles, Salvadores, etc. esforçarem-se minimamente para as defender. A Silvia (sem acento!), num comentário anterior, levantou mais um pouco a pedra sobre o assunto: enquanto houver pessoas dispostas a dar dinheiro, haverá sempre quem defenda uma tradição. As tradições morrem, pelos vistos, não por se tornarem obsoletas devido a uma mera questão de evolução social, mas por falta de dinheiro. Duas horas de picadaria em toiros, são €75 bem empregues. €300 por um tapete fiado à mão, que durará uma vida, bem tratado, são uma exorbitância, pelos vistos.
Alage Mamadu Dumbiá, da Associação de Muçulmanos Guineenses, disse uma vez o seguinte: "Não é crime. Não pode ser crime, porque é a nossa tradição!". Falava da mutilação genital feminina. E não vale vir com o contra-argumento de que aqui, estamos a falar de pessoas. Porque a equiparação da tradição de massacrar toiros com a de fazer tapetes de Arraiolos não é minha. Basicamente, o que é frequentemente dito pelos defensores das touradas, é que o facto de ser tradição é argumento suficiente. Pois então, assumam esse argumento em toda a sua plenitude. Doutro modo, não estão a ser consequentes. Lá vou eu voltar à adaptação da citação do George Orwell, no "Triunfo dos Porcos": Todas as tradições são iguais, mas algumas são mais iguais do que as outras?
É evidente, que a tourada move milhões, e que há muita gente a viver dela. Os ganadeiros, que criam os touros, p.ex. Se não criarem touros bravos, vão à falência. A isto chama-se "monocultura", e é sabido que é um dos maiores erros que se pode fazer. Fica-se dependente de um único produto. Quando, nos anos 30, o preço do café começou a descer brutalmente, devido a maior oferta do que procura, o Brasil, que era quase monopolista na produção dele (para além de praticamente viver às custas do café), começou a queimar café nas caldeiras dos comboios, para tentar subir o preço. Por acaso, devia ser bem agradável vê-los (cheirá-los) a passar!
A monocultura não só é má para o dono, como, evidentemente, para quem dele depende para trabalho. A solução para este problema, é diversificar, enquanto uma ainda dá dinheiro. Mas antecipação, por estes lados, só se conhece nos relatos da bola.
Em relação aos cavaleiros, nem falo - não dependem da lide em nada. São, na sua grande maioria, nascidos em berço de ouro, sendo que a discriminação em relação aos forcados e demais intervenientes na tourada é notória, até nos rituais durante todo o espectáculo.
É evidente que se deve respeitar os gostos das outras pessoas (tal como as tradições, já disse). Um dos argumentos é que as tourados são feitas em recintos fechados. Quem não gosta, não vai. Claro que a nossa sociedade se baseia na tolerância; mas a essa tolerância são impostos limites. Que, por vezes, até são um pouco estranhos: eu posso enfiar-me no Campo Pequeno e massacrar um touro, porque é tradição espetá-lo (e a lei o permite). Mas tentem lá enfiar-se no Campo Pequeno e organizar uma orgia desenfreada... No entanto, facilmente se poderá argumentar que também este acto de "o espetar" tem as suas tradições, porventura até anteriores ao séc. XV. E, no entato, não estão a incomodar ninugém que não queira lá ir. E, de certeza, que não incomodam nenhum bicho. Desde que estabeleçam bem as regras! Cuidadinho aí!!
Depois, há sempre aquele argumento de que o touro não sente nada, que só dói quando as bandarilhas são espetada nas costelas. A sério, nem me vou alongar sobre isto...
Outro argumento patético, é o da preservação da espécie do touro bravo. Vamos lá a ver os Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira fazer uma pega de caras a um lince ibérico. Ou os chineses a bandarilhar um panda. Ou há moralidade, ou comem todos. Além de que, não estamos propriamente a falar dum animal "natural": o "touro bravo" foi praticamente criado para as touradas - um pouco como os cães de combate (outro dos bons costumes...). Houve, ao longo dos tempos, uma selecção genética da parte dos criadores, para criar animais mais "aptos" para a finalidade em questão. É, se assim quisermos dizer, uma perversão da natureza. Contra ela, até. Há uns tempos falei do significado de ironia; aqui fica um exemplo: vamos lá massacrar um animal, para o salvar da extinção.
Há, ainda, aqueles que argumentam que a tourada à portuguesa até é boa para o animal, que o touro de morte até é proibido, por cá - a não ser que a cobardia política decida criar excepções. Francamente, a haver tourada, que matem o touro na arena. Mas não. Como somos caridoso, ao contrário dos bárbaros dos espanhóis, o touro é levado para o curro, onde lhe são arrancados os ferros e as badarilhas. Depois, há duas hipóteses: ou foi um animal nobre e digno na sua performance (coisa da qual ele muito se orgulha), e então é lhe deitado sal nas feridas (ele não sente nada, pá!), para voltar à arena noutra altura, ou então fica ali, como está, eventualmente durante dias (normalmente de quinta-feira até segunda), para depois ser levado ao matadouro. Muito mais humano do que os espanhóis.
Já agora: quem é que já caiu de bate-cú? E quem é que já partiu o cóccix? Na pega, é semelhante: muito frequentemente, o rabeador parte a cauda ao touro. O touro não fica parado porque tem sete caramelos em cima dele, a cheirar a bagaço. Embora isso de certeza contribua, claro. Eu, pelo menos, parava a uns vinte metros. Ele para, porque aquilo dói! Puxar um gajo agarrado à cauda que está partida, deve ser upa, upa!
Outro factor, passa pelo cavalos. Alguém acha, verdadeiramente, que a reacção de um cavalo a um monstro de 450 kilos a avançar sobre ele, é de fazer uma "piaffe", dois passos para o lado, e deixar o touro raspá-lo na nalga?! O caraças! A reacção de qualquer bicho, seria a de atirar com o palhaço de traje de luces para o galheiro e trepar pelas tribunas acima como se não houvesse amanhã, e que se lixe o vestido novo da Tita Conceição e Sá de Mello!
Um cavalo, até ser admitido à tourada é treinado brutalmente, na verdadeira acepção da palavra, como qualquer animal que é forçado a ter comportamentos contra-natura.
A sério: deixem-se de enfileirar argumentos bacocos. Assumam que é um hábito bárbaro, mas que gostam e que vão continuar a lá ir, enquanto não for proibido. Porque acharem que eu, pelo menos, irei concordar com algum desses argumentos é uma ofensa. Que, porventura, me irrita mais do que o facto de irem à tourada.
De resto, e como sei que a minha argumentação também não convence ninguém que não esteja predisposto a tal (e esse já não é convencido; poderá é concordar), também fico na minha: espero que, todos os dias de tourada, morra muita gente. A sério. Eu, pelo menos, assumo: sou um bárbaro.

Já agora, desculpem lá qualquer coisinha, que isto ficou outra vez grande como o camandro.

22 Comments:

At 18/5/06 16:49, Anonymous Anonymous said...

Outra posta em grande, semântica e literalmente falando.

Por dever de ofício familiar, por assim dizer, além de ser vizinho de uns caramelos forcados, quando era puto fui arrastado umas quantas vezes para as touradas.

Do que me lembro? De venderem uns gelados muito bons nas bancadas (talvez facto de serem os mesmos de uma época para a outra ajudasse) e de o cavalo do João Moura levar uma cornada e o gajo cair estatelado no chão.

Mas o que faz mesmo impressão (e nota, são memórias com quase 30 anos...) é ver um animal possante entrar na arena, estar-se positivamente a cagar para aquilo tudo, atiçarem-no contra o cavaleiro e ver aquela meia tonelada correr inexoravelmente para um gancho que lhe vai ser ferrado nas costas... acredita, quando se vê ao vivo até dói...

Em espanha é diferente: os cornos estão em pontas (cá são serrados - ou embolados, ou como é que lhe chamam - para, caridosamente, não magoar o cavalo) e uma vez vi na TV em directo um corno a entrar no abdómen e a sair pelas costas do toureiro.

Acho que é tudo uma questão de evolução, uns mais que outros: há uns anos a pena de morte era normal, gajas não terem direitos era normal, raças diferentes terem direitos diferentes era normal... ainda hoje existe um pouco de cada uma destas atrasadices...

Quanto ao respeito pelos animais... alguns já terão, outros ainda haverá esperança, outros vão morrer com pena de não os terem ferrado mais.

C'est la vie.

 
At 18/5/06 17:17, Blogger bonifaceo said...

Já não há muito mais para dizer, só que isto me revolta muito, apesar de não fazer muito contra este tipo de actos, apenas mandar vir quando o assunto surge.
O que acho é que toda essa gente tem a cabeça para ocupar espaço, muitos acham-se super inteligentes e afectuosos, porque afinal de contas estamos no topo da pirâmide da evolução, e são estilistas e isto e aquilo, mas depois nessas questões são umas bestas; touradas, testes em animais, armadilhas e formas brutais para tirar as peles, e até o vizinho que manda chumbadas no gato do outro vizinho... como é que é possível?!?!
A todos esses, e peço desculpa (pela linguagem), mas que se fodam, e se fodam bem.
Um abraço.

 
At 18/5/06 17:22, Blogger bonifaceo said...

E já agora, podes crer, que todos os que apoiam as touradas e que lá vão que levem uma enorme cornada que eu não vou ter pena nenhuma, nenhuma mesmo, eles que se... ! (já sabem o resto da frase)

 
At 18/5/06 17:50, Blogger asterisco said...

Exdruxulando:
Hahahaha! O La Feria a ficar a ver!! Muito bom. "Epá, dêem-me ao menos o touro!" Hahahahahahaha.
Eu já ouvi um tipo dizer, que o sítio onde espetavam as badarilhas era sebo!!!
Não há veias no sebo. Qualquer gajo que já tenha comido um mau bife sabe isso!

Invisível tão visivelmente chateado que até o consigo ver:
Nunca fui a uma tourada, "só" já fui a uma largada. Mas já vi na televisão. Não cresci num meio adepto, era mais indiferente.
Mas acho que basta um pouco de senso-comum para chegar à conclusão de que aquilo é selvagem. Com pontas ou sem pontas. por acaso, há umas diuas semana em Espanha, morreu um assim. Se tivesse sido na savana, os leões tinham tido material para uma espetadinha.
É como tu dizes: talvez, daqui a uns tempos, a coisa lá vá. Porque fazer as pessoas mudar de opinião...

Bonifaceo:
Pá, 'tás desculpado. Aliás, segundo o Exdruxulando: que se fodam todos, menos o La Féria. E os outros que gostariam.

 
At 18/5/06 19:53, Blogger S. said...

Bora lá para o Campo Pequeno "espetar"... err... eu não disse isto. Mas tu, MESTRE, disseste tudo. Olé!

 
At 18/5/06 19:58, Blogger asterisco said...

S.:
HAHAHAHAHAHA!!!!!!!!!
Perdi o tino!

 
At 19/5/06 09:46, Blogger B-Good said...

E sabias que os toiros, quer sejam lidados em Freixo de Espada à Cinta, em Alcochete ou na Conchichina, são SEMPRE transportados ao matadouro de Santarém? Imaginas o que sofre um animal mutilado, a sangrar e com o stress de transporte em cima, se esse transporte pode durar de 1 a 8 horas??!!! E que a carne está de tal modo desgastada pelas mutilações e pelas transformações bioquímicas induzidas pelo stress que só se aproveita para hamburgueres e outras pérolas da "nossa" cozinha??
Lá tou eu, só espetando-lhes os cornos pelo cu acima ou castrando-os a sangue frio...
(E eu n disse já que gosto de ti?)

 
At 19/5/06 10:37, Blogger NaLua said...

Subscrevo inteiramente.

Muito bem escrito como sempre.

 
At 19/5/06 11:01, Blogger asterisco said...

B-good:
Não sabia disso. Lá está: em Espanha, matam-no na arena (nós cá não fazemos isso, porque é "degradante para o touro" - ele agradece-mo, pelos vistos...). Depois, sangram-no, e retiram amostras. Mal ele esteja sangrado, então sim, é levado para o matadouro, onde o esquartejam, caso as análises às amostras revelem que está apto para o consumo. Enfim, humilhado na praça, coitadinho...
Eu, pessoalmente, ia mesmo à castração a frio. No Campo Pequeno, com touros a aplaudirem nas bancadas.
(Já me disseste isso, já. Vai-te cansando na repetição, que eu não me importo!)

Nalua:
Muito obrigado. Não o faço só por mim.

 
At 19/5/06 11:49, Blogger nana said...

bela "pega verbal"esta!!
um nadinha grande, de facto, mas acutilante, sem ferir ao nível da derme!!
;)

 
At 19/5/06 11:59, Blogger Senador said...

Esdruluxando, se o touros fossem em pontas isso só servia para aleijar os cavalos...

Asterisco, o que escreveste está correctissimo, a tourada é uma "arte" abominável! Devia ser erradicada sem dó nem piedade!
Quanto aos aficionados da tourada podiam ser todos mortos segundo aquele antigo costume que referiste da paulada na cabeça...

 
At 19/5/06 12:18, Blogger asterisco said...

Exdruxulando:
Não sabia isso da referência visual, mas faz todo o sentido.
De resto, para mim, não faz sentido o toureiro enfrentar o quer que seja.
Coitada da égua...

Nana:
Pois. Desta vez, sou capaz de me ter excedido no tamanho do animal. Um tipo entusiasma-se...

Senador:
Assim, de facto, é melhor para os cavalos. Além do mais, por alguma razão, em Espanha não fazem a pega...
Ui, que linda imagem!
A Babá de Sá Meirelles a cacarejar, so com a cabeça de fora da terra, que o relógio da Gucci era novinho em folh... PÁÁÁÁÁÁS!

 
At 19/5/06 17:25, Blogger Lisa said...

Tens toda a razão, ao menos que assuma que é um gosto, discutível, mas um gosto. Gostos não se discutem, mas educam-se... (não imagino uma criança que seja a gostar daquilo, mas enfim).
Já os argumentos são para discutir. Tradição? Ora, ora. A escravatura também já o foi, é um falso argumento.
É selvagem e não faz bem a ninguém. Não entendo o prazer que se possa ter em assistir a um espectáculo daqueles. Como também não entendo as lutas de cães, por exemplo. Se calhar os socialites que vão à tourada já não gostariam de ver o seu bobi a ser mutilado por outro bicho.

 
At 19/5/06 18:24, Blogger asterisco said...

Lisa:
Pois. É isso. As tradições os outros não são tão boas como as minhas.

 
At 21/5/06 16:00, Blogger Alien David Sousa said...

Coloquem um HOMEM na arena e um touro com farpas pronto para as espetar no homem até o fazer sangrar e depois eu berro: INICIOU-SE UMA NOVA TRADIÇÃO!

 
At 22/5/06 16:59, Blogger asterisco said...

Alien:
Eu, por mim, deixava os touros em cima das vacas, e pronto.

 
At 23/5/06 13:32, Blogger nana said...

estás à vontade!!
a tua prosa, via de regra, lê-se com agrado!!
;)

 
At 23/5/06 15:55, Blogger asterisco said...

Nana:
Obrigado (mentirosa...)!
Hehehehe.

 
At 27/3/07 23:00, Blogger egocêntrica assimétrica said...

Olá!

Passei por aqui por acaso e, não me querendo intrometer numa esfera desconhecida, queria só deixar registado que concordo com tudo o que dizes.

É bom que haja pessoas capazes de "pôr o dedo na ferida" e argumentar eficientemente - neste caso, a favor dos animais.

 
At 19/4/07 09:23, Blogger asterisco said...

Mariana:
Um pouco tardiamente:
a graça disto por estes lados, pelo menos para mim, é precisamente intrometeres-te. Se assim não achasse, teria deligado os comentários. Portanto: obrigado pela intromissão, é apreciada.

 
At 25/4/07 22:19, Blogger Maria do Consultório said...

Mas queres uma ainda melhor? O melhor argumento de todos? Então cá vai: " Os ranchos folclóricos são como as touradas!", dito por uma abécula d Santarém enquanto meio mundo esbracejava.
Feitios...
E já agora, foi muuuto longo foi...mas valeu a pena cada palavra.Thumbs up! Ups, deverei dizer "Mereces a orelha e o rabo".

 
At 30/5/08 03:10, Anonymous Anonymous said...

Com a fome em Africa, a guerra no Iraque e os sismos na China, ainda tao preocupados com o sofrimento de um toiro?? Que nao sofre, porque as farpas sao espetadas no lombo do boi... e que eu saiba quando comemos lombinhos sao tenrinhos e sem nervos... Se os nervos e que transmitem a dor ate ao cerebro... se os lombos do toiro nao têm nervos... logo... o toiro nao sente dor...
O Predrito de Portugal matou um toiro em ~Portugal a pedido do publico... Pagou 100.000€ de multa... As familias das vitimas do acidente de Entre-os-Rios receberam 10.000€ de indminizaçao... Deixo uma pergunta no ar... A vida de um toiro vale mais que uma vida humana??

CONTINUEM AS TOURADAS!

 

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