- Bom dia, caros telespectadores. Estamos aqui na praia de Ondinhas para descobrir o que fazem os portugueses enquanto estão na praia. Olhe, por favor... o senhor, sim. Podia saber o seu nome?
- Sousa. Felisberto Sousa.
- Ah, sr. Sousa. Está aqui de férias, não é?
- Naaaa. Trabalho.
- Trabalho? Mas trabalha em quê?
- Eu cá sou arqueólogo marítimo, com especialidade na costa orleira, e coiso e tal.
- Costa orleira, hm... Então explique-me lá isso. Presumo que mergulha muito, na sua profissão?
- Naaaa. Isso de mergulhar para descobrir coisas é prós bananas. A malta aqui tem é mesmo de cavar, aqui à beirinha da água, e coiso e tal. É cá um trabalhão, nem lhe digo!
- Ahhhhh, pois.... E o que é que está neste momento a fazer?
- Olhe, de momeeeento, assim agorinha, estou práqui a desenterrar este meteorito. Já cá estou nisto há três dias. Trabalhão!! Sempre que consigo destapar um pouco, a maré cheia lixa-me tudo de novo. Com um escafandro e coiso e tal, é que é fácil. Também já tinha descoberto um monte de barcos antigos e moedas e coiso e tal.
- Meteorito? Olhe que isso parece-me um pedregulho normal!
- Ah, pois. É que a gente é que temos o olho treinado para isto, tá a ver? Tá a ver aquilo? Nota-se mesmo que raspou neste sítio na estritósfera! Um meteorito, já lhe disse. Aliás, quando tiver isto tudo desenterrado, não me espantava nada encontar umas estalac-coiso-e-tal lá por de baixo.
- Estal.... Enfim... Mas diga-me lá uma coisa: o senhor consegue sobreviver com esta actividade?
- Ora, claro que sim! Bem, para já, só faço isto como biscate, não é? Normalmente sou cobrador da Brisa. De resto, volta e meia lá encontro uma cracas e uns percebes e coiso e tal, que é uma maravilha. Trouxe a Etelvina até cá, que faz uma pratito que é de estalo.
- Aaaahhh.... pois... Então, diga-me cá sr. Sousa: onde é que aprendeu a sua actividade? Nalgum curso, não?
- Naaaaaa. Isso é para bananas. Isto é tudo poder de observação, 'tá a ver? A malta chega aqui, olha pró bicho e decide se vale a pena ou não. Se nos enganarmos, temos cracas e percebes e coiso e tal. Pior do que isso não pode ser. Agora desculpe-me lá, tenho de cavar por aqui, que vem aí a maré cheia lixar-me isto de novo!