Monday 27 November 2006

Opções


Correndo o risco de me repetir, volto a pedir desculpas pela pouca assiduidade por estes lados (bem como por todos os outros, esses então, vergonhosamente deixados de lado).
A razão, é uma absoluta falta de tempo. Por um lado, tenho de fazer o que tenho de fazer, ao ritmo pré-establecido dumas cláusulas sob as quais há uns anos fiz uns rabiscos (ritmo que, curiosamente, parece que obedece a uma peculiar lei de elasticidade: estica, mas nunca encolhe para além do pré-establecido - Einstein faria disto um festim).
Seja como for, por outro lado, tenho de investir tempo no que me propus fazer. Isto quer dizer, que não me sobra para muito mais.
Isto, no entanto, não quer dizer que o estaminé vai ficar suspenso: poderá é voltar a ter uns buracos na regularidade.
Um tipo tem de fazer, o que tem de fazer, ou, como diria o grande (bem sei, ele é possivelmente até mais pequeno do que o Marques Mendes, mas comparem lá a obra feita!!!) Prince: são os sinal do tempo - a bombar nos asteriscos sonoros.

Friday 17 November 2006

Mais do mesmo

Para manter a coerência com o post anterior, os asteriscos sonoros para o fim-de-semana:
PJ Harvey (não é por ela, obviamente, mas por causa do título da canção!) e os Prostitutes (que arranjaram um título originalíssimo para esta canção). Por falta de tempo, desta vez é mesmo assim: curto e grosso (aiaiaiaiaiaiai).
Aconselho uma visita ao site dos Prostitutes - quanto mais não seja para ver a animação enquanto carrega. Fica aqui um cheirinho (somente visual, sorte a vossa).

Espírito não-sei-do-quê


Egon Schiele (1890 - 1918)
"Prostituta" (1912)
48,1 x 31,3 cm; aguarela e lápis sobre tela

Numa revelação em primeira mão, e entrando (já) no espírito natalício:
Sabem o que é que uma prostituta faz no Natal?
Nada de especial: monta a árvore.

Thursday 16 November 2006

Festival Gore

gore vidal
What do you think of gay marriage?
Since heterosexual marriage is such a disaster, why on earth would anybody want to imitate it?
Time, 20 de Novembro de 2006
Quem o disse, foi Gore Vidal. Tendo em conta que é um senhor já com 81 anos, com tendências conservadoras, e cujos pais se divorciaram quando ele tinha dez anos (coisa que lhe custou a superar), poder-se-á concordar ou não, mas decerto não se estranhará. Ontem quando li isto, só me despoletou o interesse porque ele é, de facto, homossexual assumido desde uma altura em que isso, definitivamente, não se podia assumir (bom, bem vistas as coisas, hoje em dia ainda não se pode assumi-lo, mas isso já são outras histórias).
Segundo ele mesmo, o amor da vida dele foi um certo Jimmy Trimble, um colega de escola, que morreu aos 20 anos na batalha de Iwo Jima, em 1945. Nunca mais se apaixonou, apesar de ter dormido com milhares (sic) de homens. Durante 40 anos, até à morte deste, viveu com Howard Auster. Ao escrever sobre a morte do seu amigo, ele referiu que nunca tiveram relações íntimas, mas partilharam tudo na vida. Quando lhe perguntam se isso é o que ele recomenda como uma fórmula para a felicidade, ele responde que "Oh, isso é apenas uma descrição de nós. Não faço recomendações a ninguém.".
Durante um ano, após a morte de Howard, Gore Vidal mal comeu. "Tornei-me anorético.", disse ele a um entrevistador há uns tempos. Este ficou tão surpreso, que durante um bocado não disse nada. Depois perguntou, como é que isso se tinha resolvido, ao que Gore Vidal sorriu e disse: "Comi algo.".
Seja como for, e voltando à (ainda) inexplicada vaca fria, nós temos sempre a ideia que todos os homosexuais são a favor do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo - talvez também fosse interessante ouvir aqueles, que não o querem, mesmo que sejam só uma minoria dentro duma minoria.
Como remate, na mesma entrevista da Time, perguntam-lhe quais gostaria que fossem as suas últimas palavras (e que aqui ponho, porque rivalizam com o epitáfio que o Tom Waits uma vez disse que gostaria que figurasse na sua pedra tumular: "I told you I wasn't feeling too good").
A resposta de Gore Vidal? "Like my living words. "I told you so!".".

Friday 10 November 2006

Nham nham


Para este fim-de-semana, desejo-vos que tenham um muito bom apetite. Mas na sequência certa.

Um com uma razão, outro porque sim

Os asteriscos sonoros deste fim-de-semana, são assim: um tem uma razão de ser, e o outro, para além de me apetecer, não. Ou seja, porque sim. Feita a introdução, passo a explicar: o primeiro é dos Da Weasel, porque o post que aí vem a seguir é sobre o boneco do qual um dos Weasels tirou o nome: o Pac(man).
O segundo, é o tal que aqui está porque me apetece, mas vem um pouco no seguimento das guitarradas. É dos Metallica e, antes que desistam de ouvir porque "aquilo é só barulho", aconselho uma tentativa. É uma das poucas canções instrumentais deles (basicamente, é uma sucessão de solos de guitarra) e é um exercício pródigo de fazer uma canção que atravessa todos os tipos de Heavy Metal, desde o clássico dos fins dos anos 70, acompanhado de teclados, até ao Trash Metal, passando pela balada. É uma das provas de que os gajos, com cabelão, sem cabelão, vendidos ou não, ainda são do melhor que o Heavy Metal alguma vez teve.

Thursday 9 November 2006

Perlimpimpim

A «guitarra portuguesa» é um cordofone com a caixa harmónica piriforme - o bojo ou cabaço -, sem enfranque, a aguçar para o braço, e de fundo chato e tampos aproximadamente paralelos. A sua boca é redonda; arma com seis ordens de cordas todas metálicas, as três primeiras com cordas lisas, as três últimas com corda lisa e bordão em oitava. As primitivas guitarras tinham as primeiras quatro ordens duplas, e as duas últimas singelas - dez cordas portanto ; actualmente, todas as ordens são duplas (e há mesmo casos em que as três últimas ordens são triplas).
Como dizia na resposta ao comentário deste monstro sagrado do blogoparalelipípedo, no post sonoro de ontem, isto estava para cá entrar a tocar um dia ainda não definido, mas não há nada como aproveitar as deixas. Por falar em deixas: fica comprovado que, em papel, é muito melhor, mesmo à segunda.
Como ontem, ainda por cima, estava a falar em guitarradas, isto fica aqui que nem ginjas.
O primeiro asterisco sonoro é do Carlos Paredes. O segundo, também é, e por sinal é exactamente a mesma canção, mas pelo Kronos Quartet - no disco em que aparece esta canção, aparece outra dele, "Romance No. 1"

Eficácia


greve (Fr. grève), s.f. suspensão voluntária, colectiva e temporária do trabalho por um conjunto de pessoas por motivos de ordem laboral; paragem voluntária, colectiva e temporária de uma actividade por reivindicações de vária ordem ou por protesto (greve estudantil ou parede, greve de fome).
Dicionário Universal da Língua Portuguesa, 2ª edição, 1997, Texto Editora
Os ingleses, com pilhas de experiência nestas coisas, não fosse lá que nasceu o trabalhador operário moderno, é que a sabem toda. Lá, uma greve não tem um nome assim meio abichanado (ainda por cima, vindo de onde vem...). Lá, é "strike". Zás, trás, catrapás. Traduzido, nada mais que "malhar". Que é como quem diz "malhar nos gajos lá de cima". A razão é muito simples: as greves, lá, funcionam. A malta lá faz uma greve (lembram-se? A greve dos mineiros que quase derrubou a Thatcher?) e cá é notícia - paralisações de duas semanas ou mais, se for necessário.
Cá, como é?
Dois diazitos (bem ligados ao fim-de-semana, claro está, mas isso já é outra história - mete falta de moral e ética). Depois, volta-se para o trabalho e, veja-se lá, está tudo na mesma. Nós não fazemos greves. Apanhamos uma amigdalite colectiva.
A greve, por estes lados, serve para uma coisa só: duas a três vezes por ano, convém parecer que os dirigentes sindicalistas fazem alguma coisa. Então, aparece aquele energúmeno na televisão a declarar que "As massas trabalhadoras, portant's, vam's fazer 'ma greve.". Depois, retira o rascunho com as anotações sempre válidas para aquela tomada de medida ("Caraças, bendito papelzito, que já me safou durante os últimos 4-5 anos"), e desbobina as razões do costume.
Eu nem sou contra a greve, bem pelo contrário. Mas estas greves à faz-de-conta... façam-me lá um favorzito e vão sentar-se num granda porco.
Os sindicatos, hoje em dia, recebem dinheiro dos filiados para quê? Para que ciclicamente lá seja mais um dirigente processado por apropriação indevida, pelos vistos.
Para isto ser eficaz, era só aplicar o que se faz noutras bandas: separação dos sindicatos e dos partidos políticos, e obrigatoriedade dos sindicatos pagarem os ordenados dos filiados durante uma greve.
Seriam menos greves, é verdade, mas de certeza que mais prolongadas e eficazes. É que a greve, meuzzzz amigozzzz, e isto é um segredo muito bem guardado que aqui divulgo, é um último recurso.
Por isso é que cá temos greves e não "strikes": o governo estás-se perfeitamente marimbando para cumprir as exigências dos sindicatos, porque sabe que, dois dias depois, fica tudo na mesma. E os sindicatos salvam a face, convocam a greve e assim até parece que fizeram algo. E o trabalhador, dois dias depois, volta para o mesmo lugar, as mesmas ferramentas e as mesmas condições. Enfim, deram-lhe um fim-de-semana prolongado.
Doutro modo, os sindicatos só faziam greve depois de tudo muito bem ponderado, o governo até tremia só de pensar na possibilidade e os trabalhadores, vejam lá, até poderiam retirar algum benefício daquilo. Pelo menos, não seriam prejudicados. E a filiação num sindicato até passava a fazer sentido. O que, por sua vez, fortalecia o sindicato. E talvez, então, podiamos deixar de chamar-lhe greve, e chamar-lhe "pazada" ou algo igualmente catrapás-impactante.
Agora isto? Cada vez que há uma reunião entre governo e sindicalistas, já sei que vai haver algures uma sala cheia de engravatados a brincarem com a sua própria pilinha, porque ninguém, nem eles, acreditam que dialogar vá fazer grande diferença.
Parafraseando Woody Allen, mais vale entreterem-se com um grande amigo.

Wednesday 8 November 2006

Guitarradas

telecaster
Para os asteriscos sonoros de hoje, dois heróis da guitarra (e qualquer um deles, por sinal, capaz de fazer uma "Cara de Dor" bestial.
O primeiro, pelo qual tudo começou (ou recomeçou, como se quiser), dispensa apresentações: Jimi Hendrix.
O segundo...
"Agora é que o asterisco marou! Michael Jackson? MICHAEL JACKSON?!
Ou o fornecedor da dose diária se enganou ao cortar o material, ou o asterisco lá se esqueceu novamente de tomar a medicação (ou sobredoseou-a...)!"
Não. Não é nada disso. Se forem avançando pela canção fora, vão tropecar num solo de guitarra todo rasgadão. O autor é, nem mais nem menos o gajo mais imitado dos últimos trinta anos: Eddie van Halen. Na altura, os Van Halen quase que acabavam, porque os outros membros da banda achavam que ele os tinha traído ao aceitar o convite do Michael Jackson.

A Cara de Dor

O post de hoje, serve para explicar como se tornar num herói da guitarra, sem saber tocar mais do que uma nota. Para isso, é fundamental aprender não um acorde ou qualquer outra dessas merdas insignificantes, mas sim "A Cara de Dor". É assim:
  1. Pegam na guitarra (eléctrica, claro) e ataquem a nota, colocando o dedo indicador numa das cordas, assim entalando-a entre o dito dedo e o pescoço da guitarra (se tiverem a infelicidade de ter uma namorada chamada Guitarra, acabam de fazer burrada). É importante, que nesta manobra o pulso esteja o mais desconfortável possível; torçam-no, até mais não;
  2. cerrem os dentes, como se tivessem a ter um ataque epilético;
  3. virem o pescoço, de modo a olharem ou para a mão, ou para o topo do pescoço da guitarra (não, essa não, a outra);
  4. volta e meia, ponham a língua de fora, como se estivessem a provar o ar. Fica bem, se a moverem para cima e para baixo (para este passo, poderá ser aconselhado deixarem de cerrar os dentes, e só o voltarem a fazer depois de recolhido o linguame);
  5. por esta altura, e se tiverem tido um bom senso de ter convidado uma série de jovens adolescentes, terão aos pés um turba-multa de rapazes e raparigas aos gritos histéricos; segurem a nota, como se não houvesse amanhã, e está feito o novo herói da guitarra.
Descubram a nota com a qual se sintam mais à vontade e força nisso: é repetir até à perfeição. Quando lá chegarem, já nem vão precisar da nota!
Há sempre os malucos, que depois de anos a aperfeiçoar "A Cara de Sofrimento", desatam a aprender a tocar guitarra, mas esses, como já disse, são uns grandas malucos:
jimi

Tuesday 7 November 2006

C2H6O

Este boneco aqui ao lado não é uma maquete dum pato de borracha transgénico, mas sim uma representação gráfica do amontoado de letras e números que estão no título deste post. Basicamente, em língua de gente, etanol.
E, como o post anterior, de certo modo, também era acerca do álcool na sua versão mais simpática, os asteriscos sonoros para hoje também andam à volta disto. Como tem havido uma total ausência de renovação no material audível por estes lados, os próximos dias são de duas por dia - façam disto o que entenderem, mas não empolguem demais essas esperanças.
Voltando à vaca fria (expressão que, volto a frisar, ainda ninguém me soube explicar de onde vem), ficam aqui, até amanhã, dois ilustres desconhecidos. O primeiro, são os Booze Brothers, que é como quem diz "compinchas duma valente copofonia", originários do Midwest americano - assim como que a modos o que nós chamamos "as berças". Porque carga de água o querem fazer atrás dum depósito de gasolina, é-me um total mistério, mas a canção é de bater com o pé - com um sorriso.
O que não dá para fazer com um sorriso, é acompanhar a letra da canção seguinte, porque é em russo, pela Lena TE. Não há muito a dizer sobre a canção, a não ser (mais uma) pequena curiosidade: apesar de ser a bebida nacional na Rússia e semelhantes, o Vodka foi, efectivamente, inventado na Polónia.
Espero que gostem dos sonoros de hoje, e fico-me com um sonoro
NASDROVYA, TOVARICHES!

Béquinbízzness

Antes de mais nada, peço desculpas pela ausência prolongada, sobretudo por ter sido sem dizer nem "água-vai". As razões foram várias, e abraçaram um espectro que vai desde falta de tempo até uma total falta de inspiração e, até, vontade. É feio, mas é verdade.
Seja como for, vamos lá a ver se consigo recuperar algo. Para começar, sei que prometi que daria isto a alguém que as coleccionava, ma já não me lembro a quem:

Cinco miniaturas "Absolut" (nunca foram abertas, apesar de, estranhamente, a de Absolut Citron estar com o nível um pouco baixo), numa caixinha de acetato com a impressão "Absolut Five" no topo. Acuse-se a pessoa com a qual estou em falta, via e-mail ou aqui mesmo, para eu poder rectificar a pecha.
Ah, já me esquecia: obrigado por terem continuado a cá vir, apesar da total imobilibade. É mais sentido, do que aqui possa transparecer.


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