Tuesday 31 January 2006

Crazy, crazy, crazy

"
O que é que se faz, quando pedem para pôr o "Crazy" nos asteriscos sonoros? O Asterisco, rapaz cumpridor, mandou um e-mail para saber qual, ao que recebeu a resposta: "Deixo ao teu critério (...) Olha, pões vários.".
Por mim, até os punha todos, só para ter a certeza de que acerto, mas, infelizmente, existe uma coisa chamada "largura de banda", que não me permite isso. Portanto, e a pedido da Viuva Negra, fica aqui uma selecção de três asteriscos sonoros com o título "Crazy".
Um dos R.E.M., da altura em que eles eram mesmo dos melhores do mundo (ainda hoje, não são mauzinhos de todo - estão é reclinados, a reciclar a fórmula), outro da Tori Amos, que continua a ser das melhores do mundo (e ajuda ser gira todos os dias) e um terceiro do Seal, porque ficou maizoumenos implícito.

Nããããão...


Não fizeste "bum", pois não?

Monday 30 January 2006

Ai, a rebeldia

Para hoje, no asterisco sonoro, fica mais um retrocesso no tempo, um pouco posterior aos Fischer-Z. Conhecido por insultar as pessoas que diziam que ele não era punk (e não era, por sinal), aguentem-se lá à bronca com o Billy Idol.

Fulano, Taldogostinhoespecial, Aquela e Coiso


Claro que tinha havido um erro: não era suposto Maki Hauitanen estar aqui. Era suposto ter voltado para a Terra, ter-se encharcado em cerveja e vodka, e ter desaparecido, como todo o resto, no Domingo.
- Então, ainda aí estás?
Maki Hauitanen, já conformado ao silêncio, deu um salto. Se é que se pode dar um salto quando há Nada debaixo dos pés.
- Eh, lécas! Quem és tu?
- Oh, trata-me por Fulano. Os nomes tornam-se complicados, por estes lados.
- Bem, Fulano, não é que exista algum lugar onde eu possa ir. Já andei por aí, mas não me parecia que saísse do sítio. Para além do mais, isto é estranho; consigo ver-me perfeitamente, mas, efectivamente, isto está tudo escuro.
- Escuro não está. Não há é luz. Onde não há luz, também não há escuridão, por isso é que te consegues ver.
- Hm. Não sou o tipo mais inteligente do mundo - quer dizer, agora até devo ser, se existisse o mundo - mas eu conseguiria inverter essa lógica...
- Não interessa. Aqui só conta o que nós dizemos. E para nós, é assim.
- Como, para vocês? Eu tinha ficado com a impressão de que vocês, quem quer que sejam, só sabiam dos que estavam abaixo de cada um. "Aquele" não sabia "Dele" e "Ele" não sabia de "Aqueloutro"...
- Bom, isso, cá entre nós, era porque "Aquele" era burro. Só acreditava vendo, mas recusava-se a abrir os olhos. Ele chamava-lhe uma "filosofia de vida". E "Ele" sabia de todos nós, mas achava que devia existir, também, "Aqueloutro". Enganou-se. De resto, claro que cada um de nós sabe do outro. Senão, como é que jogavamos Canasta?
- Mas então, quantos é que vocês são?
- Oh, pelas últimas estimativas, uns 375 mil milhões. Tira coisa, põe coisa. Cabem montes de nós em Nada.
Maki Hauitanen não conteve um assobio de admiração: - Eh, caraças. Tantos! Então eram muitos mais do que havia pessoas na Terra!
- Por isso é que os outros me pediram para falar contigo; é que, neste momento, tu és único no Nada; não há mais rigorosamente ninguém como tu. Não sabemos o que fazer.
- Bem, podem sempre fazer comigo o mesmo que "Ele" fez com o meu mundo. É que isto assim, é um pouco chato: não há cervejas, não há gajas, não há PlayStations (até podia ser a PSone, que já me servia), não há ruas, não há NADA. Caramba, até me contentava com trabalho! Nem sequer há nada com que um tipo se possa suicidar, caraças!
- Nós compreendemos o teu problema. "Ele" sempre foi um pouco intempestivo. Devia ter-te mandado para a Terra antes de acabar com "Aquele". Mas agora, está feito. O problema, é este: "Aquele", mesmo sendo um pouco a atirar para o burro, foi o único de nós todos que conseguiu levar uma experiência a avante. Possivelmente, porque tinha um objectivo em mente. Portanto, tu és o que resta da experiência, e nós temos de te preservar. De certo modo, tu és mais precioso do que qualquer um de nós.
- Ah, pois. Que janota. Mas quem consegue jogar às cartas são vocês, não é? Quer dizer, se ao menos um tipo conseguisse interagir convosco, ainda vá lá que não vá. Agora isto de vocês só serem vozes...
- Claro que não somo só vozes. Só que tu não nos conseguer ver. Na verdade, somos o que na Terra se chamaria de muito, muito, muito pequenininhos. Tu não conseguias ver-nos, nem com um microscópio electrónico. Muito menos, segurar as nossas cartas.
- Pequeninos?! Então e as vozes trovejantes?
- Boa projecção de voz. É tudo uma questão de treino.
- Então vocês são capazes de criar mundos, e são minúsculos?
- Bem, só o mundo de "Aquele" era grande. Nós fazemos mundos muito pequenininhos. Por isso é que o dele funcionou - às tantas era grande demais para nós podermos interferir. É que nós, francamente, quando interferimos demais, só fazemos disparates.
- Ah, pois. Também já votei nesses... Mas então, onde é que tu estás?
- Bem, no Nada, "onde" é muito relativo, mas pode-se dizer que estou à tua frente.
- Então e os outros?
- Andam por aí. É a melhor definição que consigo arranjar. Aliás, tudo "anda por aí", quando se está no Nada.
- Então não há um mundo para o qual eu possa ir?
- É tudo muito pequenino. O único que os sabia fazer grandes era "Aquele". E "Ele" acabou com ele.
- Mas vocês acabam uns com os outros assim, por dá-cá-aquela-palha?
- Oh, sim. Quando um de nós diz que não acredita no outro, este acaba com ele. É uma tradição.
Claro que acontecem erros; quando, durante um jogo de Poker, o "Taldogostinhoespecial", em vez de dizer que não acreditava que eu tinha dois pares, disse só que não acreditava em mim... enfim, estas coisas acontecem...
- Então, e se eu disser que não acredito em ti?
- É um problema interessante. Por um lado, teria de acabar contigo, mas por outro lado tenho ordens para não o fazer. Curioso.
- A não ser que eu te diga que não acredito em ti, e tu acabes comigo. Mas para isso, tinhas de dizer que não acreditavas nos outros. Se não acreditares na existência dos outros, as ordens deles também não existem, e pronto. Portanto, e tendo em conta que não tenho vontade nenhuma de ter uma existência na qual estou condenado a brincar só comigo, por muito aliciante que isso possa ser no início, digo-te: não te vejo, não acredito que tenhas corpo, e, como tal, vou partir do princípio que estou a ter um ataque de delirium tremens. Não acredito em ti.
- Bom, nesse caso, e para cumprir a tradição, tenho de aceitar que não acredito naquela malta. Não acredito neles. Pronto. E agora, tenho de acabar cont...
Repentinamente, voltou a abater-se o silêncio sobre Mika Hauitanen e o seu nada.
- Então? O que é que se passa?
- Oh, nada. Tive de acabar com "Fulano", que ele disse que não acreditava em mim.
- Mas quem diabo és tu?
- Eu sou "Aquela".
- "Aquela"? Mas "Fulano" disse "aquela malta"! E tu és uma mulher?
- Ah, disse? Chatice. Percebi mal. Estas coisas acontecem... E não, não sou uma mulher. Nós não temos género...
- Chatice, hã?
- ...mas adoptamos nomes de ambos os sexos. É para não repetir tanto.
- Olha, para cortar isto pela raíz, deixa-me já dizer-te que não acredito que tu existas. Tal como os outros, és um produto da minha imaginação.
...
- Então? Não acontece nada? Eeeeeh! Está aí alguém?! Olááááá-ááááá!!!!
- Maki Hauitanen, és um atrasado mental.
- Ah, bom. E quem és tu? E porque é que eu ainda existo? O que é que se passou?
- Eu sou o "Coiso". E tu existes, porque és um atrasado mental. Ao dizeres que éramos todos um produto da tua imaginação, obrigaste-nos a todos a tentar acabar contigo. Como isso era contrário às ordens, tivemos de negar, primeiro, a existência uns dos outros. O resultado, é que já só sobro eu. És um perfeito atrasado mental.
- Por mim, pá, quero lá saber. Repito: não passas de um produto da minha imaginação. Pronto, acaba comigo.
- Não. Decidi que a tradição tem de ser quebrada. Claro que foi preciso já só sobrar eu para chegar a esta conclusão, mas mais vale tarde do que nunca. Ainda por cima, já não tenho parceiros para as cartas e não gosto de paciências. Preciso de ti para passar o tempo.
- Deves estar a brincar! Vou passar o resto da minha vida a falar com um micróbio com projecção de voz?!
- Oh, não. O resto da tua vida, não. No Nada não existe tempo. Não existe mesmo nada. Ou existe Nada, é uma questão de retórica. A tua existência não tem fim. Nós vamos ser amigos para todo o sempre. Então, o que achaste do tempo de ontem?
- Ora foda-se.

Apdeite

A vida, por estes lados, está a alcançar proporções de aspectos apocalípticos, o que é a razão para um ligeiro desfalecimento do asterisco: 39,7º de febre, um fim-de-semana a partir pedra e hoje também não deu para eu me baldar e curar esta maldita constipação de caixão prácova. A semana que aí vem também promete...
Enfim, acho que na próxima hora e tal tenho um buraquinho entre-projectos, portanto vai dar para qualquer coisa por estes lados. Como já cá há uma ideiazinha, e se tiverem um pouco de tempo e já não se lembrarem bem ou nunca leram, podem fazer "click" aqui, que a posta seguinte é a continuação do fim-do-mundo.
É um tema adequado à última semana e meia.

Thursday 26 January 2006

P'lamor de Deus! Por quem sois!


Ora bem, são (deixa cá ver...) 21:45, não 46. Os últimos dias têm sido do mais puro assédio laboral, ao ponto de já sentir um ligeiro ardor quando me sento. Esta, vai dar pano para mangas para uma série de gente que me "assombrou a alembradura" agora... Mas já está, já está.
Vai esta posta, tarde e a más horas, porque só agora tive a oportunidade de vir cá dar um saltinho, e porque foi sugerido um asterisco sonoro pela Alex, prontamente apoiado pela B-Good. De facto, ele passou cá ainda há pouco tempo. Mas, como estas coisas não são de listagem, mas sim de vontades, cá ficam os Fischer-Z com o "So long". Só para não repetir, pura e simplesmente, um asterisco sonoro, junto-lhe o "Marliese". Pode ser?
A imagem que ilustra este post, fica aqui para a S.
Agora, com licença, que tenho de voltar à labuta (chama-lhe isso, chama), que, pelo andar da carroça, parece que afinal não vou aqui passar a noite toda...

Monday 23 January 2006

Premonição

Sabem a que é que se resume o discurso de vitória de Cavaco Silva?
Então contem lá as bandeirinhas do fundo...

Bué da cota, mén!


O asterisco sonoro de hoje é mais velho do que eu, mas continua uma malha do caraças.
Sem mais delonga, ficam aqui, para apreciação, os Animals.

Bulba

Há pessoas, que não só devem amaldiçoar o nome que têm, como também o sítio em que nasceram. Há um senhor, por exemplo, nascido no Norte de Portugal (se fosse no Sul, talvez ainda se safasse), que se fez polícia só para poder invocar o desrespeito à autoridade e legalmente desancar em quem goze com ele.
É o comandante distrital da PSP de Aveiro, que se chama António Bagina...

Friday 20 January 2006

Ampliações

Para vocês, pázinhas e pázinhos, só uma coisa:

Dois dias às arrecuas

Para o fim-de-semana, os asteriscos sonoros voltaram para trás (de novo...) e foram-se refugiar nos princípios dos anos 80.
Qual era o puto que, em plena adolescência, não sonhava com a Kim Wilde? Bem, possivelmente era o puto que sonhava com o Mark Almond dos Soft Cell...

Saco cheio


O tema para hoje, é o polietileno (PE). Polietileno é fabricado em grãos, e mais não é do que a polimerização de etileno, um gás resultante do processo de refinação do petróleo, entre outros.
Basicamente, polimerização é a ligação das moléculas "soltas" do gás etlieno numa "megamolécula", formando, assim, um elemento de maior densidade, e portanto, pelo menos neste caso, sólido. A utilização mais comum do polietileno, pelo menos a qual com que somos confrontados todos os dias, é em sacos. Destes, existem dois tipos: os fininhos, dos hipers etc., que são PE de alta densidade (PEAD) e os grossos, que são distribuidos, por exemplo, no comércio tradicional (os azuis, cor-de-rosa, etc.), que são em PE de baixa densidade (PEBD). À parte de uns serem "melhores" do que os outros, o que verdadeiramente os distingue, é que o PEAD é reciclável, enquanto que o PEBD não o é. De resto, e se não for reciclado, a decomposição de um saco de plástico de PE pode levar entre 20 a 1000 anos (evidentemente, ainda ninguém testou a validade da margem máxima, mas pronto). Outro dos problemas, é que são frequentemente ingeridos por animais (tartarugas e peixes, por exemplo, confundem-nos com alforrecas), que morrem em consequência disso. Como se decompõem muito mais rápido do que o saco no seu estômago, ele é devolvido para o próximo.
Um dos custos correntes dos hipers, é, precisamente, a compra de sacos para os clientes. Daí que tentem sempre comprar os mais baratos e, como não há milagres, a única maneira de o fabricante os vender mais baratos, é, em primeira instância, reduzir a margem de lucro e, ao mesmo tempo, usar menos matéria-prima. Isto vai dar à cena clássica:
  • ou se coloca um desodorizante num saco, o sabonete no outro e a lata de comida para o cão num terceiro
  • ou se ouve a empregada dizer "Olhe que o saquinho é fraquinho, é melhor pôr outro".
O resultado final, que para mim comprova que, de facto, às vezes as pessoas são MESMO estúpidas, é que o senhores da Sonae decidem poupar dinheiro ao comprar sacos mais finos, mas não se apercebem que estão a obrigar a utilizar mais sacos por compra...
Na Irlanda, de resto, foi introduzido um imposto de 15 cêntimos (!) por saco de plástico, com o resultado de uma redução de 90% na utilização destes num prazo de seis meses. O proveniente do imposto é utilizado exclusivamente na preservação do ambiente e, ao contrário de cá, são prestadas contas pelo estado dessa utilização - não pode servir de tapa-buracos para manter o défice baixo, nem nada disso... Claro que, se fosse implementado cá, teria de ser desviada parte desse imposto para ajudar os fabricantes de sacos de plástico, em projectos de diversificação da produção ou mesmo novos projectos, para compensar as perdas.
De resto, se virem um gajo no Lidl freneticamente à procura de caixas de cartão boas para levar as compras, já sabem, é o asterisco.

Thursday 19 January 2006

Puoooooooortooooooo


Como já ameacei, o asterisco sonoro de hoje é dedicado ao Pontinha e, já agora e se não te importares, à S., que tão bem fez o papel de intermediária.
Ficam aqui os Trabalhadores do Comércio, que, tal como os homenageados, são um produto genuíno da Invicta (duma altura em que ainda não se ligava tanto ao trabalho infantil, está visto).

Dois-DVDs-dois!


Pontinha, és o maior. Quando vi o Zappa "em carne e osso", até me vieram as lágrimas aos olhos. Parecia que estava a rever a morte da mãe do Bambi.
E o pormenor da barba feita com notas? GENIAL.
O asterisco sonoro de hoje, é para ti, mais daqui a um pouco.
Obrigado, só, não chega.

Dor de costados

Este filme é um dos maiores candidatos aos Óscares. Como todos decerto já sabem, trata-se de uma história de amor entre dois cowboys. O realizador diz que é, simplesmente, uma história de amor, mas a mim não me convence. Basta traduzir o título para português:
MONTANHAS DE COSTAS PARTIDAS
Desculpa lá, pá, mas assim não me convences nem à lei da bala.

Wednesday 18 January 2006

Se alguém me bate à porta hoje, vou-lhe ao focinho

Em total contradição com o meu volume de trabalho de hoje (zero!), o asterisco sonoro de hoje são os Men at Work. Ainda estive indeciso entre o "Who can it be now?" e o "Down under", mas, como isto hoje não é dia de decisões, a moeda ditou a sorte. Fica a primeira.

Coçar violentamente

Hoje, pela primeira vez em já algum tempo, não me foi imposta nenhuma obrigação estúpida, como, por exemplo, trabalhar. Não tenho nada para fazer. Para aproveitar isto ao máximo, vejo-me na obrigação de ignorar a fritura de postas por um diazito, não me levem a mal.
Valores mais altos se levantam.

Aiaiaiaiaiaiai, que vou levar na boca.

Tuesday 17 January 2006

Murder Ballad


Li hoje, que a Kylie Minogue voltou para a Austrália, depois de se ter submetido com sucesso, em Paris, a quimoterapia devido a um cancro da mama.
Sem ser propriamente fã dela (sou mais do outro, que aqui também fica a debitar), o asterisco sonoro de hoje é o dueto dela com o Nick Cave.

Pitágoras

Monday 16 January 2006

Que cena, man!

O gajo que está a bombar nos asteriscos sonoros de hoje, é o John Cena, que chegou a ser lutador profissional de wrestling, o "desporto" mais idiota do mundo. O video, no entanto, é hilariante: uma paródia ao A-Team.

Sejam responsáveis


Eu até sou adepto de uma (duas, três, quatro...) jola(s) fresquinha(s). Mas os gajos que trabalharam neste reclamo e os que o aprovaram, deviam estar a consumir demais do próprio produto. Não é que apelam à responsabilidade e ao consumo moderado ao mesmo tempo que afirmam que "Quanto mais, melhor"?

(Ca)Vaca fria

Voltando à vaca fria: onde é que eu já vi esta tromba?

Friday 13 January 2006

Pequenino simpático


Este amigo que aqui vêm, chama-se lactobacillus bifidus, e é uma das bactérias responsáveis, por exemplo, pelo leite azedo. Também é uma das responsáveis pelo iogurte. Aquilo que os senhores da Danone dizem, em relação ao Bifidus ser bom para a flora intestinal, até é verdade: uma vez passado o estomago, ele ajuda a regular a acidez no intestino.
Eu gosto muito do Bifidus, não porque saiba bem, nem por causa dos lindos olhos, mas porque é intrinsecamente simpático - dá para fazer coisas destas:

Simpática, a bactéria, não?

Sexta-feira, 13

Já sabem: nada de jogar no EuroMilhões, que podem ter o azar de não ganhar.

Parelha de fim-de-semana

Para o fim-de-semana, ficam, como de hábito, mais duas canções nos asteriscos sonoros: em primeiro lugar, uma das minha bandas actuais favoritas, os Monster Magnet - possivelmente os mais genuínos representantes do "Sex & Drugs & Rock'n'Roll". São brilhantes.
Em segundo lugar, uma das minhas bandas favoritas de outros tempos (sim, porque não me venham dizer que eles ainda existem - reunificações para ganhar umas massas não contam, na minha contabilidade), os Pixies, com um macaco que, não se sabe como, foi parar ao céu.
Devia estar ao pé dos outros, quando se lhes explodiu a cabeça.

Thunnus alalunga


"Ontem vi um peixe, que fazia assim. Quer ver?"

Thursday 12 January 2006

Aquele, ele e aqueloutro


- Como assim, o Fim do Mundo?!
- É isso mesmo, amigo. Amanhã é o Fim do Mundo. PUF! Acaba tudo.
- Mas assim? Sem mais nem menos?
- Claro que não é sem mais nem menos. Isto é uma operação logística complicada. Repara que, quando vocês abatem um porco, também é preciso uma data de papelada: certificados de conformidade, autorização de operação de abate, garantia de eliminação de desperdícios, enfim, uma maçada.
Maki Hauitanen, finlandês cumpridor escrupuloso da regra de "só beber ao fim-de-semana, mas então que seja de modo a justificar a baixa da segunda-feira", ainda mal se tinha refeito do susto de ter desaparecido do seu bar favorito num Sábado à noite e de ter à sua frente não uma girafa e um shot de vodka, mas sim um manto negro intransponível, de onde trovoava uma voz ribombante. Na realidade, ele nem tinha desaparecido do bar: no seu lugar ao balcão tinha ficado um loiro de olhos azuis rasgados, com um ligeiro tique numa mão e uma carteira que continha um B.I. em nome de Maki Hauitanen e que permitia pagar tudo o que o fígado conseguisse processar. Ninguém no bar notou que o tique tinha passado, numa fracção de segundo, da mão direita para a esquerda. Uma benção para quem não é canhoto e tenta levar uma girafa cheiinha à boca.
Entretanto, no negrume, outro Maki Hauitanen, o verdadeiro, percebia que faltavam uma série de perguntas, que, com o choque, nem lhe tinham passado pela cabeça. Coisa compreensível, se tivermos em consideração que estava, há apenas dois minutos e 12 segundos, a preparar-se para levar o shot aos lábios, e que, um milésimo de segundo depois, estava a ser confrontado com uma mão vazia, uma voz a dizer-lhe que Domingo seria o Fim do Mundo e a visão de... bem, nada.
- Mas onde é que eu estou? E quem és tu, já agora? E porquê eu?
- Não estás em lado nenhum. Ou melhor, AINDA não estás em lado nenhum. Claro que, quando voltares para o bar, terás estado nalgum lado, mas não terás capacidade para o explicar. Para já, conforma-te com a ideia de que não tem nem forma de sela de cavalo, nem de banda de Moebius. Vocês ainda não chegaram lá.
De resto, contenta-te com o facto de eu ser "Aquele-que-tu-não-pensas-que-eu-sou". Outro conceito que vocês nunca compreenderam. E tu, foste aqui chamado, porque não és ninguém. Eu me livre de explicar isto tudo a alguém que fosse alguém: ainda acreditavam nele quando voltasse e ficava tudo num alvoroço na véspera do trabalho.
- O teu nome é "Aquele-que-tu-não-pensas-que-eu-sou"?
- Não. "Aquele-que-TU-não-pensas-que-EU-sou".
- "Aquele-que-eu-não-penso-que-tu-és"?
- Isso.
- Posso abreviar para "Aquenapequete"?
- Desde que não abrevies para "Deus", por mim, tudo bem. Há uns milhares dos vossos anos, quando aqui chamei um faraó egípcio para lhe comunicar o Fim do Mundo (que eu já tinha percebido que a coisa era uma experiência falhada), ele abreviou-me para Aton e transformou o Egipto numa sociedade monoteísta. Virou-me aquilo tudo do avesso na véspera do serviço. Tive de adiar tudo até agora, que os gajos revoltaram-se e puseram aquilo tudo num rebulício. Às tantas, tive de mandar uma data de pragas para acabar com aquela raça, que não me deixavam pensar em paz. Por isso é que desta vez, te mandei vir a ti. Tu não és nada.
- Bem, calminha lá, que pelo menos eu sou algo que se veja. Em relação a ti, tu és uma voz.
- Não preciso que me vejam. Nem preciso de me justificar. Eu sou "Aquele".
- Mau. Agora é só "Aquele"? Assim não vamos a lado nenhum.
- Não interessa. Amanhã, por esta altura, serás ainda-menos-do-que-nada, portanto não interessam as conclusões a que chegaste.
- Ah, pois. Isso. Diz-me lá uma coisa: não se safa ninguém? Nem a Madre Teresa de Calcutá? Nem o Einstein?
- Esses já estão mortos.
- Sim, mas foram para algum lado, não? Ou reencarnaram, ou qualquer coisa assim.
- Não. Morreram. Foram-se. Passaram a não-existir.
- Não há nada depois da morte?
- Se quiseres, e para te reconfortar um pouco, eles continuam a viver nas gerações de larvas que os consumiram após a morte. Mas mais não.
- Não te parece um desperdício? Tanta gente boa que ser perde assim, sem mais nem menos?
- Nem por sombras. Einstein era um lunático perigoso, que quase me descobria a careca. Quando arranjei maneira de lá meter uns loucos para acabarem com ele, o gajo pira-se-me para os Estados Unidos, e eu fico a ter de tratar dos outros malucos a matarem meio mundo. Enfim, ninguém é perfeito. Apesar de "Alguém" dever ser.
A Madre Teresa de Calcutá era suposta ter ficado quietinha na Albânia e ter morrido aos 24 com desinteria, mas não. Foi-se armar em Madre Teresa de Calcutá. Deu-me cabo das projecções e estimativas para o quociente de mortes no norte da Índia. Uma trabalheira. Cada vinte anos, lá tinha eu de rever os números.
- E dos vivos? Não se safa ninguém? Tipo o Papa? Ou o Dalai Lama?
- Olha lá, pá: se tu quisesses que não se criassem ondas para poderes trabalhar em paz, ajudavas um gajo que, só por causa de um paízeco de nada me chateia o maior país do mundo? Não me parece. E o outro, sentado lá no seu trono de representante, de cada vez que abre a boca, põe-me metade do mundo a prostrar-se e a outra metade a protestar. Aliás, maldito o dia no qual eu me revelei a Abraão. A partir daí, só me criaram chatices, à procura de "Alguém". E maldito o dia no qual eu disse ao outro que eu era o Tudo e o Nada. Foram-me logo criar as religiões politeístas. Eu devia é ter ficado muito quietinho no meu lugar, volta e meia ter mandado uma catástrofe natural qualquer, uma doeançazita qualquer ou um político qualquer para ver o que acontece, e pronto. No dia em que abri a boca, estraguei a experiência.
- Olha lá, pá...
- "AQUELE"!
- Pronto, pronto. Olha lá, "Aquele", se bem estou a perceber, tu é que tens culpa disto tudo. Se tivesses ficado no teu lugar, a experiência, como tu a chamas, teria resultado.
- É uma possibilidade, mas se eu soubesse isso, não precisaria de fazer a experiência, porque saberia o resultado de antemão, não é?
- Então para que é que servia a experiência? Se tu és quem em não penso que és, não devias precisar de experiências; o resultado é sempre aquele que tu queres.
- Bem, como tu amanhã já não-és, vou-te confessar uma coisa, aqui entre nós: a experiência era para ver se "Ele" saía do seu esconderijo.
- "Ele"?! Existe mais do que "Aquele"?
- Claro que sim. Tem de existir. De onde é que eu venho? Quem sou eu? Alguém, ou melhor, "Aquele", claro, mas como?
- Tu não sabes de onde vens? Criaste o mundo para ver se "Ele" aparecia?
- Claro. Mas falhei. Ao me revelar a vocês, vocês tomaram-me por "Ele", e "Ele" já não teve necessidade de aparecer. Passaram por cima da minha cabeça, por assim dizer. Eu bem que mandava uma pragas e uma catástrofes, na esperança de que ele aparecesse para vos corrigir quando diziam que a culpa era "Dele", mas nada.
- Então vais retirar o anzol da água, para refazer o isco?
- É uma bonita imagem, sim senhor.
- E se criasses outro Mundo, e deixasses este como está? Tipo, em auto-gestão?
- Olha lá, pá, mas tu pensas que eu sou "Ele"? Eu consigo lá monitorizar dois Mundos! Um a seguir ao outro, vá lá que não vá. Além de que, vocês, com essa mania de descobrir coisas, ainda me encontravam o outro mundo, e lá estava o caldo entornado. Há uns três mil e tal dos vossos anos fiz isso, e pimba!: lá me apareceu a outra experiência a aterrar na América do Sul. Quando os espanhóis lá chegaram, foram tomados pela outra experiência, e foi o que se viu.
- Se a outra experiência era igual aos ocidentais, isso não fala muito a favor da tua imaginação...
- Isso não interessa. Lá tive de acabar com os outros, para vos deixarem em paz.
- Quer dizer, não há nada para além de nós? Extraterrestres?
- Nááááá... Já não. Já cheguei à conclusão que dois ao mesmo tempo era areia a mais para a minha carroça.
- Mas, olha lá: se existe "Ele" acima de ti, não havera um "Aqueloutro" acima "Dele"?
- Isso já é preocupação "Dele". Cada macaco no seu galho. Seja como for, e se isso te consola, esta foi a minha experiência favorita.
- Favorita? Mas em quantas é que isso já vai?
- Umas 754 562 639 687. E meia. Aquilo dos dinossauros nunca funcionou verdadeiramente bem. Mas vá lá, que se aproveitou o Mundo.
- E nunca te passou pela cabeça, que talvez "Ele" não exista?
- Impossível. Isso faria com que eu não pudesse existir.
- Epá, não é por nada, mas se na Terra me aparecesse uma voz a falar sem mais nada agarrado, eu partia do princípio que ela não existia.
- Acreditas nisso agora?
- Bem, neste momento, não... Mas não acredito que "Ele" exista.
- Achas mesmo que não?
- Claro. Tens alguma prova em contrário? Já fizeste milhões de experiências, e nem uma pontinha da sua barba. "Ele" não existe.
- Mas será mesmo? Será que esta experiência serviu para eu chegar a essa conclusão? "Ele" não existe?
...
- ORA BOLAS!!!! Mais uma experiência para o galheiro!! Rai'spartam!
Se se visse negrumes a encolherem de susto, esta teria sido uma das vezes. Maki Hauitanen deu um salto estratosférico (se existisse estratosfera no nada) e olhou à sua volta. Continuava a não haver nada. Somente outra voz, ainda mais trovejante.
- Pequeno ser insignificante, que me desmontaste mais esta experiência! Há quatro mil milhões de quadrilhões de anos que ando a fazer experiências para ver se "Aqueloutro" sai do seu esconderijo, e tu lixas-me tudo num quarto de hora!
- Então tu és "Ele"?!!!!! Vês, "Aquele"?! "Ele" afinal existe!!
- "Aquele" é que já não existe. No momento em que soube da minha existência, a dele deixou de fazer sentido. Eliminei-o. Vou ter de criar um novo.
- Então estamos safos? O Mundo não acaba amanhã?
- Não. O Mundo não acaba amanhã. A partir do momento que "Aquele" deixou de existir, a experiência dele deixou, também, de fazer sentido. O Mundo já acabou. Adeus.
- Ora foda-se.

Marco Paulo

Ah-hááááá!!!
Agora que já peguei um cagaço a todos com o título do post, posso anunciar que a música para os asteriscos sonoros de hoje é, de facto, a Joana, mas a outra, a doce.
É a versão dos Cowboy Junkies, retirada da banda sonora do "Natural Born Killers", da canção do Velvet Underground.
Prometo não voltar a ser tão desumano. E quem acreditar....

IIB - Interrupção Involuntária de Blog


"Motivos alheios à minha vontade" traduz-se, obviamente, pela necessidade premente de, volta e meia, parecer que mereco o dinheiro que ganho. E desta vez acho que me estiquei um pouco, que fiquei por aqui a partir pedra durante o fim-de-semana e dias subsequentes, excluindo um, que nem cá pus os pés.
Partindo do princípio de que existe alguma normalidade, penso que voltei a ela, portanto terei outra vez tempo de fazer o que realmente interessa.

Saturday 7 January 2006

Asterisco agasalhado

Está bem que acabou a época festiva do Natal, mas o Inverno continua. Para não ficar completamente exposto, e agora que já não tenho luzinhas para me aquecerem, e os Reis também já se foram, tirei o meu cachecol e barrete do baú.
Chiça, que 'tá frio...
Obrigado pela ideia.

Friday 6 January 2006

Expatriação

Expatrio-vos este meu cidadão, na esperança que ele vos trate muuuuito bem. Atenção, que é exigente: quer vos ver felizes.

Remakes

Para o fim-de-semana, focam dois remakes nos asterisco sonoros. Um é tocados pelos Korn, originalmente dos Cameo, e o outro pelos Xutos & Pontapés, e uma falha brutal na minha cultura geral não me permite dizer de que filme foi tirado.
A partir de amanhã, o asterisco perde as bolinhas reluzentes e a coroa. Let's not esticate the things.

Hamlet em Nova Iorque


Este senhor que aqui vêem, chamava-se Vincent "Chin" Gigante, (que não é uma alusão ao seu queixo: é um diminutivo inglesado de Vincenzo). Morreu a 19 de Dezembro de 2005 na prisão e era o chefe da familia Genovese.
Em 1969 conseguiu evitar acusações de corrupção, demonstrando, através de testemunhos de eminentes psiquiatras, que sofria de esquizofrenia, psicose, demência e várias outras doenças do foro mental. Esta estratégia, pelos vistos, foi de tal modo do agrado dele que a partir daí ele fez tal como Hamlet, que a dado ponto do enredo finge ser louco, para poder executar os seus planos sem levantar suspeitas.
Mesmo psiquiatras independentes, contratados ao longo dos anos pelo estado para o diagnosticarem, tiveram de atestar a sua insanidade.
Em 1986, Anthony "Fat Tony" Salerno foi considerado o chefe da família Genovese num processo em que era acusado de assassinato e jogo ilegal e sentenciado a 100 anos de prisão. No seguimento desse julgamento, um "arrependido", Vincent "Fish" Cafaro, um membro proeminente da família, alegou que Salerno apenas dava a cara, que o verdadeiro chefe era, desde 1981, Gigante. Acusar e condenar uma pessoa que, como Gigante, demonstrava todos os sintomas de doença mental tornou-se uma tarefa quase impossível.
Somente em 1997, e apesar de os seus advogados e vários psiquiatras continuarem a defender que Gigante era totalmente incapaz de liderar uma operação da dimensão e sofisticação de uma família mafiosa, ele foi condenado a 12 anos de prisão - safando-se, no entanto, às acusações mais graves, que lhe dariam prisão perpétua.
E só em 2003, inserido numa negociação para a redução de pena para três anos num caso de obstrução à justiça, admitiu que fingira ser louco durante mais de trinta anos.
Durante mais de trinta anos, foi visto a andar pelas ruas de robe e chinelos, a murmurar incoerentemente para si. Numa ocasião, agente federais entraram na sua casa para o intimidarem a comparecer num processo, e encontraram-no, nú, no chuveiro desligado, com um guarda-chuva. Internou-se a si próprio por 22 vezes num hospital psiquátrico entre 1969 e 1990 - Salerno, o tal que dava a cara, foi gravado uma vez pelo FBI a dizer (em inglês, que é mais "Soprano"): "If ‘Chin' gets pinched, all those years in that fuckin’ asylum would be for nothing.". O seu irmão (um padre) jurava a pés juntos que ele era louco. A sua mãe, ao saber que ele era acusado de ser chefe de uma família mafiosa, exclamou que ele só seria capaz de estar à frente de uma casa de banho pública. A última vez que foi a tribunal, entrou na sala apoiado pelo seu médico cardiologista, a olhar para todo o lado menos para onde ia, com tremuras num braço e nos lábios, tiques faciais e nas mãos, a murmurar sorridentemente incongruências.
Serve esta piquena história, para chegar à seguinte conclusão: se um tipo consegue fingir isto durante 30 anos, já imaginaram a quantidade de gajos que por aí andam a fingir que são "normais"?

Thursday 5 January 2006

Repetição sonora

Já cá apareceu em tempos, mas, e a pedido do objectivo ficam hoje os Mata-Ratos nos asteriscos sonoros, com os problemas que advêm de um tipo se casar e mudar para a casa da sogra.

Se o Darwin soubesse...


A ilha de Isabella, nos Galápagos, vista do espaço.
E não é que aquilo é mesmo bichos por todo o lado?

Silence

Ao longo do ano, não são poucos os CDs que vou adquirindo. Normalmente, e porque é onde oiço mais música, ficam no trabalho, como já deu para perceber quando aqui coloquei uma fotografia do estaminé (aqui já arrumadinho - antes era assim). Volta e meia, lá pego numa pilha deles, e levo-os para casa, porque já não há espaço aqui. Foi o que fiz no dia 30 de Dezembro: já que ia ter gente lá em casa para o Ano Novo, venham lá os fresquinhos, para debitar som. E o que é que aconteceu, o que foi? Às oito da noite do dia 31, o amplificador fez "Puf" e calou-se.
Garanto-vos: música a tocar via PlayStation na televisão, é uma desilusão daquelas.
Foi a fonte de alimentação que tentou entregar a alma ao criador: desmontei-a e levei-a a rebobinar, que, por definição, um asterisco tem sempre a última palavra. Sobretudo se o outro se cala.

Wednesday 4 January 2006

Salta, mangano!

Os asteriscos sonoros voltam hoje à dupla normalidade:
Primeiro, porque voltam a ser diários, depois de uma interrupção forçada ontem, motivada por reuniões e uma posterior falta de paciência para o quer que fosse (por esta, peço desculpas).
Segundo, porque acabam as prendas de Natal. Isto não quer dizer que me esqueci do teu pedido: os Mata-Ratos e a sogra do Demo ficam para amanhã, pode ser?
É que hoje apetecia-me isto que fica aqui a bombar, portanto, cá vão os Van Halen, ainda na fase do David Lee Roth, como deve ser.

Ping!

Olha, 20 000.

Sem fim

Já que ontem estava a botar linhas sobre gajos que andam às voltas para, no fim, serem festejados precisamente no sítio do qual saíram, hoje matenho-me, maizoumenos, no tema.
É uma brincadeira, inventada por um matemático, no séc. XIX.
Em quatro passos:
  1. Peguem numa fita de papel (aí com 25 por 1,5 cm)
  2. Numa das faces, façam um traço, de uma ponta à outra
  3. Segurem uma das pontas, e torçam a outra 180º
  4. Colem as pontas uma à outra, com fita cola, p.ex.
O resultado deverá ter este aspecto (aqui, sem o risco):

Esta coisa, chama-se uma Banda de Moebius (o tal matemático). A particularidade deste objecto, é que só tem uma aresta a delimitá-la, bem como uma só superfície: o traço que fizeram, começa numa ponta, vai por uma dos lados da tira original, depois chega ao que era a outra face da tira antes de dobrada, e continuaria por aí, até voltar ao seu sítio de origem. O mesmo se passa com as arestas, que passaram de duas laterais para um única: se correrem um dedo por uma das arestas, às tantas, e sem passarem por ângulos, claro, retornam ao ponto de partida.
A Banda de Moebius chegou, inclusivé, a ser proposto como um dos modelo possíveis para a forma do universo.
A aplicação prática dela, no entanto, acabou por ser bem diferente: era usada como correia em máquinas de todo o género, porque, como tinha aquela torção no meio, desgastava ambos os lados da fita da mesma maneira.
Este é o boneco que o M.C. Escher fez, recorrendo à Banda de Moebius, com as formiguinhas, que poderá ser interpretada numa aplicação aos dias de hoje que eu, pessoalmente, acho um pouco desconfortável:

Tuesday 3 January 2006

Gajos aos círculos


Estranhamente, com o aparecer de um ano novo, dá-se-me uma comichãozinha de voltar a ver e ouvir uns tipos a andar às voltas nuns carros. No fim de cada época de Fórmula 1, todos os anos, assola-me sempre o pensamento de que agora é que estou lixado, que não vou aguentar. A maior molha que apanhei na minha vidinha, foi no Circuito do Estoril, a ver o Senna ganhar a primeira corrida da vida dele. Com um bilhetinho VIP, dádiva dos Deuses. Bem sei que podia ter feito como uma série de outros convidados, que se sentaram numa tenda a morfar e a ver aquilo pela televisão, mas para que carga de água (que bem que isto fica, aqui), é que serve um bilhete de acesso a ri-go-ro-sa-men-te todo o lado, se um gajo fica quieto, ao sequinho? Nesse dia, dei a volta a pé ao circuito umas quatro vezes, molhado até aos ossos. E surdo. Quem nunca esteve perto de um Fórmula 1 a abrir numa recta (ou não, que aquilo faz barulho até em ponto morto), não sabe o que é barulho. Claro que podia ter usado tampões nos ouvidos, mas eu era puto: tinha de ser à flor da pele.
De manhã, ainda estive na cavaqueira com o Keke Rosberg - finlandês, que fala um alemão impecável (é casado com uma alemã, e vive na Alemanha). O filho dele estreia-se na Fórmula 1 este ano, e corre pela Alemanha, por sinal.
Quem também já tem lugar cativo numa equipa, é o Tiago Monteiro, o nosso. Que foi eleito numa votação pela Net o melhor estreante num desporto motorizado do ano passado, a nível mundial. E não foi porque os tugas votaram em massa - foi porque o mereceu: bateu o record do Jackie Stewart do maior número de corridas consecutivas acabadas no ano de estreia (eram seis. O Tiago acabou 15! Embrulha! O record tinha quase 40 anos.), igualou o record do Schumacher de mais corridas acabadas numa época (as quinze), só não chegou ao fim numa corrida (foi o piloto mais regular da época), fez um pódio no ano de estreia (só um ou dois o tinham feito antes, se bem que no caso dele, foi numa corrida maluca em que só participaram seis carros. Mas podia muito bem ter chegado em sexto ou feito um disparate e não ter chegado ao fim - o mérito é de quem aproveita as oportunidades), e, para demonstrar que sabe daquilo, pontuou em mais uma corrida, com todos em pista. E fez tudo isto, com um carro manifestamente inferior a todos os outros, excepto outros dois. Teoricamente, deveria ter chegado em 17º ou 18º em todas as corridas. A bitola, é o companheiro de equipa, com um carro igual, portanto, que só pontuou na tal corrida estranha. Nas outras, fartou-se de nem sequer chegar ao fim.
A ver se o carro dele este ano o leva mais longe; a equipa é a mesma, mas mudou de mãos: agora chama-se Midland F1, é dum megamilionário russo, e tem um orçamento bem mais recheado. Para terem uma ideia: lembram-se daquela mega-jackpot do EuroMilhões? De cento-e-tal milhões de euros? Não chegava para manter uma equipa de topo na Fórmula 1 durante um (!) ano - dava, à rasca, para brincar a meio do pelotão...
Além do mais, e como podem ver pela fotografia, agora tem melhor aspecto; aquilo de tentar ser um carro de corrida e ser lacado de amarelo-canário, era mais para a malta da Ponte Vasco da Gama, francamente.
E pronto: prometo que não vos volto a chatear sobre Fórmula 1, que bem tenho noção que isto é só para os maluquinhos.
Mas uma linhazita ou duas, se o rapaz pontuar, posso, ou não?


Creative Commons License
Este estaminé está licenciado sob uma licença Creative Commons.