Tenho um amigo, que comprou um Rolex. Achava ele. Ao fim de dois anos e picos, começou a desconfiar: aquilo não funcionava lá muito bem e tal, dava as horas, tudo bem, mas atrasava-se mais do que ele estava à espera - que diabo, era suposto ser um Rolex!!
Claro que, depois de observar a coisa mais a fundo, descobriu que tinha sido engrominado. Não que ele fosse inteiramente inocente: o vendedor do relógio já tinha anteriormente, impingido a um outro amigo um "Breitling" que só deixou de o chatear, quando foi recambiado para Genebra. Neste caso, ele desconfiou porque aquilo, de facto, não fazia nada; no início os ponteirinhos ainda andavam às voltas, mas rapidamente se deixaram disso. Quando ele o enviou, cheio de boa fé, para a fábrica em Genebra, eles explicaram-lhe que aquilo era mentira, mas que, pronto, lhe faziam o favorzinho de ficar com ele. Possivelmente iria para um museu ou outro sítio em que não fizesse tantos estragos. Sim, porque relógios que não fazem nada, podem muito bem dar origem a estragos!
Seja como for, o meu amigo do Rolex está chateado:
- porque ninguém gosta de ser enganado (embora, admitidamente, este já deveria estar habituado: é um pato, no que toca estas coisas: há uns tempos comprou (outro vendedor dubioso...) um peixito "mesmo fresquito, acabadinho de apanhar no Atlântico Norte", e depois descobriu que era de aquicultura, duma exploração em Bruxelas);
- porque ele queria mesmo era um Rolex eficaz, e ficou-se por um Bolex ineficaz: dá as horas, atrasa-se um pouquinho, é verdade, para o que é, até vai dando, mas não é um Rolex!;
- Porque o vendedor se vai safar na maior, apesar de já ter engrominado mais uma data de gente;
- porque o relógio continua a funcionar (maizoumenos mal), como se nada fosse e
- porque ele não consegue descobrir nenhum outro destino para o relógio: não lho aceitam em lado nenhum, e olhar, dia-sim-dia-não, para ele já o começa a irritar: fá-lo lembrar que, mais uma vez, o enrabaram. E não foi com o vibrador que o Beckam ofereceu à sua Victoria (por sinal, uma belíssima duma autocrítica), mas sim com uma cópia barata, incrustada com zircões e movido a pilhas "Duramol": as do hamsterzinho.
É lixado. É como comprar um filósofo de ponta, e sair-nos um Fócrates.