No Sábado, não me consegui safar: lá tive de ir a um casamento. Ainda por cima, um casamento todo perlimpimpim: Basílica da Estrela seguido de jantar no Convento do Beato. O clássico exagero. Uma hora e meia na basílica, entre missa, "sim", cantorias e a porcaria dos bancos desconfortáveis, sapatos desconfortáveis, gravata desconfortável, tudo desconfortável.
Depois, para o seguimento da seca, no convento do Beato. Uma vez lá, a luta frente ao
placard com a ordem das mesas (sempre impresso numa letra sufucientemente grande para poder ser lida, mas suficientemente pequena para que só seja legível a 15 cms, o que torna a coisa num acontecimento épico, quando se batalha contra outros 400 convidados).
E então, aconteceu: precisamente às dezoito horas e trinta e oito minutos, eu vi-o.
O Decote.
Uma carinha laroca (pelo menos tenho essa ideia, já não me lembro - não olhei o suficiente para ela...), um fato até bonitinho (de seda encarnada, mas, francamente, só me lembro da parte superior...), mas O Decote, esse sim. Fenomenal. Aquele Decote que faz com que a expressão "um homem não é feito de ferro" adquira toda a sua veracidade.
Não que eu seja obsecado! Aliás, tenho uma recordação vívida do resto da noite:
o jantar era composto por uma entrada, de bom decote, mas pouco volumosa. Os pratos principais eram em regime de
self-service, arrumados em soutiens sem alças, numas mesas ao fundo do decote. O bolo do decote, até era original: um cubo de 50 x 50 x 50 decotes, todo branco, com recheio de seios. As sobremesas eram muitas e variadas, mais ou menos empindas, tudo dependia do açúcar. As chávenas de café, para que fique aqui registado o meu espírito de observação, eram bonitinhas, em forma de recheio de decote.
Enfim, lá para a meia-noite, lá nos tivemos de despedir do decote, que tinhamos os putos entregues a outro decote.
Não gosto particularmente de casamentos, mas este lá deu para sair com um sorriso. Decotado.
P.S.: É mentira. Até me lembro muito bem da cara da miúda. Era gira, e ficava uns 15 a 20 cms a norte d'O Decote. Fenomenal.