Thursday 28 September 2006

Pedra

Tal como o Bill Clinton, também experimentei. Ao contrário dele, até inalei. Os efeitos foram decepcionantes - talvez ainda bem - o que fez com que tivesse dado umas passas prái umas 10 vezes na minha vida. Lembro-me dum aniversário meu, no qual um amigo, à falta de melhor, me ofereceu um pedaço aí do tamanho de duas pastilhas Gorila, do qual não aproveitei nada. Sempre fiquei com aquela impressão que essa prenda foi como a lata de atum que o Hobbes dá ao Calvin num Natal. Como o Calvin não gosta de atum, ele dá-lha de volta.
Seja como for, e para quem não sabia, o título desta canção dos Stranglers é uma metáfora para haxixe. E, para mim pelo menos, ainda é uma das melhores canções dos anos oitenta.

Pro bono

As agências de publicidade, muito frequentemente, fazem trabalho pro bono. Basicamente, o que isto quer dizer, é que escolhem uma instituição que consideram meritória, e lhe propõem trabalhá-la a custo zero. Isto faz com que fiquem bem vistas, além de que lhes dá a oportunidade de fazerem trabalho um pouco mais visível do que o habitual anúncio ao Tide - o que, por sua vez, é bestial para ganhar uns prémios nos festivais de publicidade. Numa de expansão pessoal, decidi também fazer um pro bono e, porque aqui as palavras-chave são "think big", escolhi uma multinacional. Nem sequer é uma instituição muito recomendável, mas que se lixe. Cá vai: este é o logótipo (ainda não me habituei a escrever isto com acento...) da Philip Morris:

Até que nem está feiote; o mote é que precisa dum ajustezito. Tipo, assim:

Não sei porquê, mas ameacaram-me com um processo...

Tuesday 26 September 2006

3-4-esquerdo-direito

Em termos de textos longos, já levam uma boa dose hoje, portanto, sem mais demoras e tendo em conta o post anterior, o asterisco sonoro de hoje reflecte a temática tanto no nome do grupo, como no nome da canção.

1-2-esquerdo-direito

Visitantes são informados, que no Reino Unido o trânsito é efectuado pelo lado esquerdo da via. No interesse da segurança, é aconselhado a praticar a condução pela esquerda no seu país de origem uma ou duas semanas antes de conduzir no Reino Unido.
Conselho do Ministério dos Transportes do Reino Unido
Ou seja, em palavras que todos percebem: no interesse da NOSSA segurança, faça lá os disparates no seu país, antes de vir para cá.
Seja como for, e já que fui picado, lá me pus à procura: porque diabo é que há países que conduzem do lado esquerdo da estrada?
O facto é que, no passado, quase toda a gente circulava pela esquerda da estrada. Numa sociedade feudal e violenta, na qual a utilização de armas era completamente liberalizada, esta era a opção mais lógica: com a maioria das pessoas a serem dextras, o utilizador duma espada preferia ficar à esquerda, de modo a ter o seu braço direito mais próximo dum adversário. Além do mais, evitava que a sua espada, usada à esquerda, batesse em alguém.
Depois havia a questão de uma pessoa dextra ter mais facilidade de montar um cavalo pelo lado esquerdo. Pelo outro lado, seria uma dificuldade acrescida fazê-lo, de novo devido à espada usada do lado esquerdo. Como também era mais seguro montar um cavalo pelo lado do passeio, em vez de pelo centro da estrada, fazia todo o sentido andar a cavalo pelo lado esquerdo.
Para o fim do séc. XVIII, comecou a usar-se carroças maiores do que até aí eram comuns, para transportar produtos agrícolas, sobretudo em França e nos Estados Unidos. Essas carroças eram puxadas por várias parelhas de cavalos, e não tinham assento para o condutor; este sentava-se no último cavalo à esquerda, de modo a permitir-lhe ter o seu braço direito, que segurava o chicote, a meio das parelhas. Como estava sentado à esquerda da carroça, naturalmente queria que o restante tráfego passasse à sua esquerda, de modo a poder mais facilmente evitar que algo se prendesse nas rodas. Portanto, passou a conduzir pela direita da estrada.
A Revolução Francesa de 1789 também alterou o panorama em vigor até então: antes da revolução, a aristocracia utilizava a esquerda da estrada, forçando a população comum para a direita. Mas após a tomada da Bastilha, a aristocracia tomou por bem baixar a bolinha, e juntou-se à plebe que ia pela direita.
Em 1794 foi introduzida oficialmente a regra da circulação pela direita em Paris, sendo que, já um ano antes, esta regra tinha sido legalmente fixada na Dinamarca.
As conquistas de Napoleão transpuseram esta regra para outros países: a Bélgica, a Holanda, o Luxemburgo, a Suiça, a Alemanha, a Polónia e Rússia e algumas partes de Espanha e da Itália. Os países que resistiram aos franceses, mantiveram a circulação pela esquerda: a Inglaterra, o império Austro-Húngaro e (tcha-tchaaaammmmm) Portugal. E assim ficou, durante mais de cem anos, até ao fim da Primeira Guerra Mundial.
Após a guerra Russo-Sueca de 1808-1809 a Suécia (que circulava pela esquerda) teve de ceder a Finlândia à Rússia, mas só cinquenta anos depois foi imposta a circulação pela direita nesse país, através dum decreto imperial. A Suécia, anterior dona da Finlândia, manteve a circulação pela esquerda.
Na Grã-Bretanha, foi tornada lei a circulação pela esquerda em 1835, bem como em todas as suas colónias. Daí a Índia, a Austrália e as antigas colónias inglesas africanas conduzirem à esquerda. Somente escapou o Egipto, que sempre conduziu pela direita, porque, antes de passar para o domínio ingleses, tinha sido uma possessão de Napoleão.
No Japão, também se conduz pela esquerda, apesar de nunca ter sido parte integrante do Império Britânico. Desde o período Edo (1603-1867) que essa era a prática, mas só em 1872 se tornou uma regra. Este foi o ano no qual a primeira linha de comboio foi introduzia, com recurso a tecnologia inglesa - a circular pela esquerda, portanto.
O domínio dos ingleses na tecnologia dos caminhos de ferro, na fase inicial destes, é também a razão pela qual em muitos países que circulam pela direita, os comboios circularem pela esquerda - até a França, por sinal (com excepção da Alsácia, cujos caminhos de ferro foram construidos pela Alemanha, na altura em que a Alsácia-Lorena era alemã - na Alemanha, os comboios circulam pela direita).
Os holandeses introduziram nas suas colónias o hábito de conduzir pela esquerda (a Indonésia e o Suriname, p.ex.), mas, no seu país de origem, foram obrigados a mudar para a direita com Napoleão. As suas colónias, no entanto, mantivera o hábito antigo.
Nos Estados Unidos, a mudança para a condução à direita foi uma consequência directa da sua independência - uma reacção aos costumes na antiga potência dominadora - bem como da sua aproximação, durante e depois dessa luta, à França (a Estátua da Liberdade é uma oferta dos franceses aos americanos, p.ex.). A cidade na qual se assinou a Declaração da Independência, a Pennsylvania, foi a primeira cidade a tornar madatória a circulação à direita, sendo seguida por outras cidades, num curto espaço de tempo.
Em partes do Canadá, ainda se conduziu pela esquerda durante muito tempo; na zona controlada pelos franceses, ia-se pela direita, no restante território, inglês, pela esquerda. Os últimos território canadianos a mudarem para a direita, somente o fizeram após a Segunda Guerra.
Em Portugal, mudou-se para a condução pela direita nos anos vinte. Foi zás-trás-catrapás, tudo num dia, tanto em Portugal continental, como nas colónias (aliás: "províncias ultramarinas"...). As colónias que vizinhavam com países de condução à esquerda, podiam, no entanto, manter o status quo, razão pela qual Macau (por causa da China), Goa, Damião e Diu (por causa da Índia) e Moçambique (por causa da África do Sul) nunca o fizeram. Em Timor-Leste, vizinho da Indonésia que conduz pela esquerda, mudou-se, no entanto. A Indonésia é que alterou isso, quando invadiu o território em 1975. Francamente, não sei como é hoje em dia.
Em Itália, mudou-se definitivamente para a condução à direita nos anos vinte.
Em Espanha, como consequência das invasões napoleónicas, havia zonas do país que conduziam pela esquerda (Barcelona, p.ex.), e outras pela direita, como Madrid. Tambem aí, foi uniformizado tudo nos anos trinta, para a condução pela direita.
Um país curioso foi a Áustria. Após o colapso do Império Austro-Húngaro, já no séc. XX, a Áustria ficou dividida: uma metade conduzia à esquerda, a outra à direita, sendo que a linha divisória era precisamente a linha até à qual tinham chegado os soldados de Napoleão, um século antes.
Com a anexação da Áustria por Hitler em 1938 passaram todos a circular pela direita, o que veio posteriormente a acontecer também no resto dos países do ex-Império Áustro-Húngaro (Checoslováquia e Hungria) mal foram invadidos, e que se tinham mantido à esquerda.
No pós-guerra, com a emergência da indústria automóvel, especialmente da americana, que construia os carros com volante à esquerda, muitos países passaram a circular pela direita devido à importação vinda da América do Norte.
O Paquistão, ex-colónia inglesa, pensou em mudar a circulação para a direita, mas desistiu disso por uma razão curiosa, que faz lembrar um pouco o ditado do burro velho que não aprende caminho: as caravanas de camelos, muito comuns naquele país até hoje em dia, viajavam dia e noite, e, quando andavam de noite, os guiadores iam frequentemente a dormitar. Como não foi possível ensinar o novo truque da circulação pela direita aos camelos mais velhos, ficou-se pela esquerda.
O único domínio inglês a conduzir pela direita, é Gibraltar.
A Suécia foi o último país do continente europeu a mudar, quando, já bem depois do fim da Guerra, e com o crescimento do parque automóvel, se começaram a suceder os acidentes nas zonas fronteiriças, que em grande parte não eram assinaladas nem tinham guardas, o que fazia as pessoas passarem, se darem por isso, a andar ao contrário. Fez-se um referendo em 1955, e, apesar de a esmagadora maioria da população ter votado contra a mudança (mais de 80%!), em 1963 passou-se uma lei a ordená-la, passando a Suécia a conduzir pela direita quatro anos mais tarde. A Islândia seguiu-se um ano depois.
Nos anos 60, até a Inglaterra brincou com a ideia de mudar, mas os conservadores conseguiram manter a sua tradição.
Outro argumento, a roçar a teoria da conspiração, é os ingleses terem mantido a circulação à esquerda, por razões economico-estratégicas: como tinham uma indústria automóvel (ainda) florescente, e para a proteger das investidas estrangeiras, continuaram a circular pela esquerda. Como construiam naturalmente carros com volante à direita, os carros deles ficavam mais baratos do que os dos outros construtores, que tinham de mudar propositadamente os volantes da esquerda para a direita. Como em boa parte do Commonwealth se conduz à esquerda, e a maioria dele ser constituido por países com pouca indústria automóvel (salvo a Austrália), isto até lhes garantia uma mercado de exportação. Facto é que a General Motors mantém em Inglaterra uma das suas maiores fábricas, a Vauxhall, exclusivamente para fabricar carros preparados para a condução pela esquerda.
Na Europa, hoje em dia, só se circula pela esquerda em quatro países: no Reino Unido, na Irlanda, em Chipre e em Malta.
Curiosamente, os pedais nunca são invertidos. A sequência é sempre, independentemente do lado do volante do carro, acelerador-travão-embraiagem, da direita para a esquerda. Esta convenção foi acordada, para evitar uma excessiva reeducação dos condutores "continentais" que aluguem um carro em Inglaterra, p.ex. E, como as transmissões dos carros são sempre as mesmas, por razões de custos, a disposição das mudanças é igual, ou seja: se num carro de volante à esquerda a marcha-atrás é para trás á direita, no mesmo carro, mas de volante à direita sê-lá-a á direita para trás.
Uma curiosidade vinda do Japão: apesar de conduzirem pela esquerda, é considerado sinal de riqueza a condução de carros ocidentais com volante à esquerda. Importar um Mercedes da Europa, não só é ser dono do "artigo genuíno", sem alterações, como é substancialmente mais caro do que comprar o Mercedes "japonês". Fino, portanto.
A maioria do paleio daqui, foi lido no Worldstandards e na Wikipedia. A teoria da conspiração sobre a indústria automóvel inglesa é da minha safra, mas não disputo que não haja por aí alguém tão retorcido como eu.
E pronto. Mais um testamento.
Ficaste esclarecida? Eu, em contrapartida, fiquei a saber mais uma coisa do rol das temáticas para mesas de casamentos nas quais não se conhece ninguém.

Monday 25 September 2006

Memórias

Há três tipos de memória: a de curta duração, a de média duração e a de longa duração. Com o avançar da idade a memória vai-se deteriorando, normalmente da mais curta para a mais longa: quem é que não conhece alguém de idade que já não se lembra de nos ter contado algo ainda há pouco tempo, mas que se lembra da história (antiga) com uma clareza impressionante?
Para hoje, e como um pequeno teste, aqui ficam três perguntas: se falharem a primeira, estão a entrar em estado de geriatria, se falharem a segunda, o caso é mais grave, e, se falharem a terceira, é porque ou eram surdos, ou não são velhos, nem um bocadinho. Se falharem as três, provavelmente não deram por isso, porque já nem conseguiram ler isto. Hahahaha.
  1. pergunta - memória de curta duração: Lembram-se de quando aqui se falou a última vez em tigres?
  2. pergunta - memória de média duração: Lembram-se da última vez que viram um tigre ao vivo ou na televisão?
  3. pergunta - memória de loooooonga duração: Lembram-se do asterisco sonoro de hoje? Só duas dicas, que isto foi há mesmo muito tempo: aparecia no "Rocky", e era dos Survivor. E mai' não digo.

Citações


No jardim zoológico:
- Olha, piolho! Um tigre albino!
- Num é um tigara! É uma jêbara!
... não há argumentos contra um raciocínio destes...

"Morreu dia 16 em Lisboa, onde nasceu, de cancro, aos 82 anos."
(Óbito de José Sommer Ribeiro, no Expresso)
A sério: já dei voltas e voltas a esta frase, e cheguei quase sempre às conclusões mais espantosas.

Friday 22 September 2006

Fim-de-lufa-lufa

crazy
Ao fim duma semana de actividade quase nula por estes lados, inteiramente devida ao trabalho incessante, fica aqui uma canção com um título alusivo aos últimos 5 dias. E com votos de que para a semana possa ter uma com um título melhorzito. Tipo "Sex & Drugs & Rock'n'Roll". Pelo menos dois dos três - e eu já sei quais. Seja como for, a dos próximos dias é dos Gnarls Barkley.

A de Anaconda, B de Boi, C de Colibri

Amanhã vou dar uma prenda de aniversário (com uma semana de atraso) muito especial: vou levar um piolhão ao Jardim Zoológico. Portanto, tomem lá também uns animais.
fds zoo

Thursday 21 September 2006

Uf, uf, uf, uf...

no time

Tuesday 12 September 2006

Understatement

A sério: 'tou sem tempo nenhum. Uf uf uf.

Monday 11 September 2006

O2 cool

stupidity
Lembram-se da lei parva de Inglaterra? Esta é para mostrar que basta querermos para os batermos aos quilómetros, literalmente.
Está a ser feito, neste momento, um esforço adicional para reduzir as emissões poluentes para a atmosfera no mundo inteiro (com algumas, poucas, excepções, a começar pelo "protector da democracia"). Nós, por cá, também temos peritos nisto. Tanto que, e cito a MotoJornal, "o Governo apresentou na semana passada uma proposta a incluir no Programa Nacional de Alterações Climáticas (PNAC), que pretende reduzir a velocidade máxima de circulação nas auto-estradas de 120 km/h para (...)" e aqui páro a citação, para aumentar o clímax, o que até nem faz mal, porque não é muito poluente.
Então, para quanto acham que o Governo pensa reduzir a velocidade, de modo a minimizar a emissão de poluentes dos automóveis? 110 km/h? 115 km/h? Somente 100?!!!! Não.
118km/h!
Eu cá, acho que deveriam fazer um esforço e esticarem a corda até aos 117... haja coragem política, claro. Porque estupidez já há para dar e vender.

Friday 8 September 2006

Caixas e mais caixas

umzug
Como ja disse no post anterior, este fim-de-semana vai ser a mudança de casa propriamente dita; até agora tem sido um exercício. Já lá estão algumas coisas, mas amanhã é que vai ser a doer.
Como sou um tipo generoso e acredito na partilha de riqueza, também vos ofereço umas caixas de papel castanho. O exercício é o do costume: click aqui, download para o computador, imprimir e toca a fazer o corte-e-costura para poderem brincar. Quem não se quiser dar ao trabalho, fica aqui uma dica: tal como numa mudança de casa, está tudo de pernas para o ar, excepto as coisas que mais interessam, que já foram arrumadas.
Ah, já me esquecia: a cola põe-se nos sítios com bolinha.

P'ó trabaaaaalho, p'ó trabaaaaalho, nós vamos p'ó trabaaaalho

men at work
A parte hardcore da mudança de casa, sucessivamente adiada, vai ser este fim-de-semana. Como tal, e numa atitude kiss (keep it simple, stupid!), ficam duas canções dos Men at Work. As duas canções dos Men at Work, mais precisamente.

Wednesday 6 September 2006

Água, pilhas e Exército Vermelho

red army
O asterisco sonoro de hoje é, mais uma vez, culpa tua.
Esta canção dos Waterboys é, de longe, a minha favorita deles; faz-me pele de galinha. Lembro-me duma vez que fiz a 2ª Circular a pé, de Benfica até aos Olivais (as coisas que um tipo faz por elas...). O graveto chegou para comprar uma embalagem de pilhas para o Walkman, mas já não para o autocarro, e então fiz o caminho todo a ouvir esta canção. Escusado será dizer, que torrei as pilhas todas com os sucessivos rewinds. Sempre que a oiço, vejo-me a palmilhar a 2ª Circular, de noite.
Já agora, peço desculpas por o estaminé estar a ser uma Jukebox: não tenho tido tempo para mais nada, senão o post sonoro e os cometários (e nós sabemos, como isso pode ocupar tempo, não é?).

Tuesday 5 September 2006

Olhó sapatinho

castle
O asterisco sonoro de hoje vai para ti.
Com base na nossa conversa do post anterior, saí de Neuschwanstein, passei de raspão pela Disneyworld - onde está o castelo inspirado no do rei louco da Baviera - mas não encontrei a dona dele. Os Marillion, pelos vistos, também andavam à procura dela, portanto fica aqui o apelo. Onde páras tu, Cinderela?

Monday 4 September 2006

E ele não se cala com isto...

O título do asterisco sonoro de hoje, é a última palavra do post anterior, só que em estrangeiro. Eu, quando faço as burradas, gosto de as fazer em grande estilo. Estilo que, por acaso, acho que esta canção dos 857 também tem - é cool.

Cogito, ergo sum


Lucas Cranach, o Velho (1472-1553)
"Adão e Eva" (1526)
- Ó patrãozinho, não é por desprimor ou falta de gratidão, mas isto de andar práqui com bichos e tal, épa, não faz muito o meu género.
Foi assim que Adão, pouco depois da sua criação, apelou a Deus para que este lhe desse algo para se entreter (esgotadas as alternativas, sobre as quais não me vou aqui alongar). Deus, que na altura ainda recebia pedidos, tratou de criar Eva, a partir de uma costela de Adão, que já se lhe tinha acabado o barro. Saiu-lhe jeitosita, um pouco larga de ancas, mas Adão até apreciou o gesto:
- Oh, porra! Um borracho destes aqui, e eu práqui operado!
Depois, foi o que se viu; não bastou o regabofe dos dias seguintes, mas, tal como seria de esperar, rapidamente fizeram a única coisa que Deus lhes tinha proibido: comeram da árvore da sabedoria.
Para além de se ter entalado um pedaço da fruta na garganta de Adão, Deus chutou-os dali para fora, o que deu azo a anos de desavenças entre o casal, com acusações mútuas.
- Mulher dum diabo! Porque raio me foste oferecer aquela maçã?!
- Olha lá, até parece que te fizeste rogado! Querias o quê, homem?!
- Nunca me lembraria de comer aquilo! O patrão tinha-o proibido!
- Até parece que és perfeito! E já agora, olha: eu fui tirada duma costela de HOMEM! Como é que querias perfeição, hã?
- Agora andamos por aqui, a pastorar ovelhas! Quer merda, pá!
- Já que falas nisso, vai lá ao teu querido patrãozinho, dizer-lhe que já que nos enfiou neste fim-de-mundo, que ao menos faça chover!
- Outra vez? ainda a semana passada fui-lhe pedir aquela mala da Prada e o vestido do Valentino!!
- Ah, pois claro! Eu, a matriarca da humanidade, tenho de ir para um casamento toda vestida de trapos, não é?!
- Pronto, pronto, não se fala mais nisso...
E foi aqui, que Eva proferiu a sentença que persegue as mulheres até aos dias de hoje. Não foi castigada ao morder a maçã, nem aquando da expulsão. Foi no ano 157 após saírem do paraíso, que Eva proporcionou a um ramo da indústria íntima centenas de anos de lucros. Bastou uma frase:
- Não interessa. Vai lá ter com ele e diz-lhe, que, se não chover amanhã, VAI HAVER SANGUE!!!

Friday 1 September 2006

Falta de fantasia

Desta vez, que me atacou uma falta de imaginação confrangedora, fica assim, sem ser menos sentido do que habitualmente, no entanto:
BOM FIM-DE-SEMANA

67 anos

poland invasion
Naturalmente, o cidadão comum não quer a guerra; nem na Rússia, nem na Inglaterra, nem na América, nem na Alemanha. Em análise final, são os dirigentes dum país que determinam a política, e é sempre uma questão muito simples arrastarem as pessoas consigo, seja numa democracia, uma ditadura fascista, num parlamento ou numa ditadura comunista. O povo pode ser sempre levado à vontade dos dirigentes. É fácil. Tudo que se tem de fazer, é explicar-lhes que estão a ser atacados, e denunciar os pacifistas por falta de patriotismo e exporem o país ao perigo. É igual em todos os países.
Faz hoje precisamente 67 anos, que a Alemanha invadiu a Polónia alegando que alguns postos fronteiriços tinham sido atacados por soldados polacos, no que seria uma preparação para uma invasão a toda a escala. Mais tarde, soube-se que tinha havido ataques, mas que tinham sido fabricados: vestiram prisioneiros com fardas polacas, dispararam uma balas contra os postos fronteiriços e depois trataram de ter "soldados polacos abatidos durante a tentativa de invasão".
A 1 de Setembro de 1939, começou, efectivamente, a Segunda Guerra Mundial.
A citação ali de cima, foi proferida por Göring durante o seu julgamento, em Nuremberga, e só peca por omissão. No fim, falta-lhe o apêndice: "... e em qualquer altura".

R.I.P.

indy
Nos últimos 20 anos, um dos meus rituais de fim-de-semana (todos não, claro, mas sempre que possível, sendo que há uns tempos só era possível quando tinha a cheta para o fazer e hoje em dia tenho de ter o tempo), era comprar "O Independente" à sexta-feira e o "Expresso" ("Espesso", como lhe chamo carinhosamente) ao Sábado.
Às sextas, ficava a saber das notícias que poderiam rebentar, e um semana depois, ao Sábado, ficava a saber quais, de facto, se confirmavam - as coisas complementavam-se, com "O Independente" numa toada de jornalismo de investigação puro e duro, e o "Expesso" numa de informação factual.
Durante vinte anos, "O Independente", algumas vezes mal, mas mais vezes bem, expôs situações, que, de outra maneira, não teriam visto a luz do dia. Desde ministros que se despediram até empresas públicas que se reestruturaram, muitas coisas neste país aconteceram por causa da agressividade jornalística (por vezes exagerada, admito) d"O Independente".
Depois tinha as caricaturas do Cid, sempre na mouche, a pôr o dedo na ferida.
Hoje, pela última vez, vou repetir o ritual de fim-de-semana. "O Independente" foi-se. Tinha tantas dívidas acumuladas, que nem por um miserável Euro arranjou um comprador interessado em investir nele.
Faltavam 5 edições para chegar às 1000.
Para o fim-de-semana,um sonzinho de Fryderyk Chopin. Fica bem assinalada, a data.


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