Thursday, 31 August 2006

18 aninhos? Ninguém tem 18 aninhos!!

Para compensar o asterisco sonoro e respectivo post de ontem, o de hoje é uma regressão no tempo, nas duas vertentes: em primeiro lugar, porque a canção é de um dos últimos (se não mesmo o último), grupo representante de heavy metal de cabelo platinado (os Nirvana e associados mataram isso, definitivamente) e, em segundo lugar, porque fala dum puto com 18 anos. A história não tem um happy end, mas que se lixe. Tomem um trago deste aqui à esquerda, que isso passa.
Ah, já me esquecia: Skid Row.

Inglaterra no seu melhor

Afinal, não é só em Portugal que se fazem leis parvas!
Este puto que aqui está, chama-se Max Foster. Estava, uma noite, em casa dum amigo, quando ouviu a sua scooter a ser ligada, na rua. Correu para a janela e viu dois miúdos a passeá-la alegremente rua acima, rua abaixo. Em vez de fazer o que um puto normalmente faria, que seria correr lá para fora, ligou à polícia, que chegou pouco tempo depois. A reacção dos tipos que se estavam a divertir com a mota, foi de fugir. A parte gira é esta: como os ladrões iam sem capacete (o que lá também é ilegal), a polícia não os perseguiu! Segundo uma lei aprovada recentemente, a polícia pode ser processada no caso de danos sofridos durante uma perseguição.
A associação de chefes de polícia britânicos já confirmou que, num cenário destes, o modus operandi será sempre este - o risco de o ladrão processar a polícia por se ter magoado seriamente ao andar de mota sem capacete durante uma perseguição policial é alto demais para se tentar apanhá-lo!
A próxima vez que precisar de trocar de mota, já sei para onde vou. E não levo capacete.

Wednesday, 30 August 2006

Tempus fugit

É isso. O tempo foge, e o tempo que foge nunca mais volta. Talvez devesse mandar algumas coisas às urtigas, para ter um pouco de tempo para as que, sem se traduzirem em bens materiais, enriquecem.
Para hoje, nos asteriscos sonoros Tom Waits.
Se quiserem saber, até que ponto o tempo pode ser precioso, basta clickarem abaixo na imagem. Mas não me responsabilizo. Ah, e vão precisar disto:
1 pé equivale a 30 cms, 1 polegada a 2,5 cms e 1 libra a 500 grs. - não é bem assim, mas neste site fizeram-no assim.

D de desafio

letters & colours
Num ping-pong que começo a desconfiar ser incessante, foi-me lançado mais um desafio, desta vez para associar as letras do ábêcê a algo. Vamos lá a ver se consigo fazer isto sem pensar muito, que assim é que tem piada.
A é de "Amor". Pode até ser parolo insistir nesta ideia, mas é, de facto, a primeira coisa que vem à cabeça.
B é para "bom", porque é a única maneira de fazer as coisas: bem feitas.
C é como começa "chá". Não soa, mas é verdade.
D tem um barrigão ou então um rabo grande (d).
E é. Pois é.
F é de palavrões bons, como "filho da puta", "foda-se" e "finanças". Tinha mesmo de ser.
G se for bem lançada, a granada faz "BUM", que é o que às vezes apetece fazer.
H tem nome, tem boneco, mas não tem som, só se dá por ele acompanhado de "n" ou "l". Coitado.
I não é barrigudo como o "D". Se "D" é um Patapaf, "I" é um Patapif.
J ainda está por descobrir porque é que o "G" lhe roubou o som, ao pé do "I" e do "E".
K bem ke keria ser mais usado, mas não é. Porkê?
L é de "Lucas".
M é de "Monte".
N com mais uma perna, dá para começar "Música". Como não dá para pôr no "M", faço batota. Música, até transbordar, e mais ainda.
O era uma cobra que mordeu a sua cauda. Queria saber onde começava a sua cauda e foi avançando, avançando, avançando, até só sobrar um pontinho. Com dois dentes. Um ponto final agressivo.
P perdeu o "F" desde que lhe roubaram o "H".
Q é de "nove", só se dá com um "U", e arriscava-se perigosamente, por isso, a ser sempre cu.
R é de "Rafael".
S torce-se para cá e para lá e revira-se todo. "Sexo" começa por "S".
T é halTerofilista. Rijo. Duro. TRÁS! Tiranossaurus Rex. Touro. Tomates.
U para não se molhar todo quando chove, lá recorre ao seu resgurado e fica mais forte: Ú.
V são dois, são em "V" e têm, juntos, 645 cm3. Já agora, pai: é perfeitamente possível passar dos 160 com uma mota descarenada durante algum tempo. Dá mais trabalho, mas é possível.
W gosta à brava da Internet, porque nunca foi tão usado desde que ela apareceu.
X queria ser o Califa, no lugar do "CH". Mas sobra-lhe sempre o Xá.
Y era um "I". Racharam-lhe a cabeça ao meio e, a partir daí, viu-se grego.
Z é o que eu gostaria de ter feito hoje, em vez de me ter de levantar às 6 da manhã. Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz.

E, para não fazer uma quebra de linha inusitada, segue isto para mais 5 (que não é mais do que um "S" com pontas - 5exo violento?!):
S de S. porque letras é mazé contigo e porque da última vez me atrasei;
U de 1entre1000's para juntar mais umas letras a tantos números;
P de Patioba porque sim, porque nem tudo tem de ter uma razão, porque me apeteceu;
H de Hole in my Vein, porque desafio com desafio se paga;
J de Just me, para internacionalizar.

Tuesday, 29 August 2006

Fogo, fónix!

arthur brown
Para hoje, nos asteriscos sonoros, uma canção, aliás a canção do Arthur Brown, de 1968. O disco cuja capa aqui vêem é a coisa mais delirantemente psicadélica que alguma vez foi feita, talvez com excepção do "In-A-Gadda-Da-Vida" dos Iron Butterfly (da mesma altura), que, segundo a lenda, estavam tão pedrados quando gravaram a canção, que não a conseguiram acabar. Aliás, não é bem assim: começaram bem, mas depois não descobriram uma maneira de a acabar, portanto esticaram-na durante mais 13 minutos de improvisação psicadélica. Ficou brutal, mas temo que nunca por aqui vai passar: são 17 minutos no total...
Portanto, aqui fica o Arthur Brown, em ligação ao post anterior: "I am the God of Hell Fire and I bring you... FIRE!"

To burn or not to burn

burnt forest
Hoje, finalmente, lá assinei a petição. E assinei, apesar de até não concordar na totalidade com ela. Concordo com metade: a metade que defende, implicitamente, que os fogos são maus. Não concordo com a metodologia defendida para os diminuir. Não é proibindo a venda por 30 anos de terrenos ardidos que se deve resolver a questão, apesar de esta medida até poder ser eficaz. Mas a eficácia não se mede somente pelos resultados, mas também pelos meios. Pus-me a pensar (foi aí que a coisa azedou): então e se eu tenho um pinhal e conto com o corte dele para fazer face a certas despesas inadiáveis, e ele arde? Não posso recorrer à receita extraordinária que é a venda dos MEUS terrenos? Tenho de me endividar até às orelhas (se é que ainda posso!), durante mais uma data de anos, e rezar para que as árvores não só cresçam, mas também fiquem de pé?
Já há uns tempos que tenho reparado numa coisa curiosa: na proporção de eucaliptal, em relação às outras espécies, que desaparece. Talvez seja engano meu, mas já tenho notado que arde comparativamente pouco eucalipto. E, num delírio raramente visto, pus-me a pensar, também, sobre isso. Porque é que a malta não pega fogo a um eucalipto? A resposta, é muito simples: porque com a madeira dum eucalipto queimado só se faz, na melhor das hipóteses, fósforos (não deixa de ser irónico).
O grande problema não são os terrenos. O grande problema, é ser permitida a venda de madeira queimada. Se se monitorizasse o destino / os compradores da madeira queimada, tenho quase a certeza absoluta que se iria descobrir algumas coincidências curiosas.
A madeira queimada, apesar de tudo é um negócio bestial: de um lado, há um desgraçado que tem um pinhal ardido, e cujas sobras estão em tão mau estado, que se ele não se despacha a vender, elas apodrecem. Do outro lado, há um tipo que, convenientemente, aparece na altura certa, e, por acaso, até tem uma massas. São poucas, mas foi o que se arranjou.
O governo já deu um primeiro passo para reduzir isto, ao afixar um preço mínimo para madeira queimada (mas, e como é característico, deve ter feito bem pouco para o fiscalizar).
A única maneira de cortar o mal pela raíz, a meu ver, seria proibir a venda de madeira queimada a privados. Seria obrigação do estado comprar essa madeira, substituindo-se aos parasitas incendiários. O estado, sendo quem é, teria dezenas de aplicações para essa madeira, de certeza. Já não havendo vantagens a retirar da piromania animal das florestas, os fogos seriam reduzidos substancialmente, o que faria com que este programa possivelmente até nem fosse de grandes encargos.
Então, perguntam vocês, porque carga de diabo, ó meu grande anormal, assinaste a petição?
Por uma razão muito simples: porque se for para acabar com os incêndios provocados, até seria capaz de assinar uma petição pela reintrodução da pena da morte. Bem, quase.

Monday, 28 August 2006

Possíveis gigantes modestos


Francisco de Goya (1746 - 1828)
"O Gigante" (1818)
29,2 x 21 cm

Para hoje, nos asteriscos sonoros, uma pequena partida.
Os They Might be Giants, quando escreveram uma canção chamada "About me", pelos vistos tinham bastante menos do que eu para dizer, quando fui etiquetado.
Uma lição de modéstia ou de secretismo?

BANG!!

toe tag
Há quinze dias, fui etiquetado e há seis, passaram-me a batata quente. Portanto, não há escapatória possível, e, apesar de já ter respondido a um exame anteriormente, cá ficam mais seis razões para ser internado.
  1. Quando chego cedo demais a um encontro, vou-me embora e só volta quando tiver chegado a hora precisa. Do mesmo modo, fico à espera à porta, se for caso disso, antes de tocar à campainha.
  2. Detesto, visceralmente, bazófias. Na maioria dos casos, são literalmente uns desgraçados com uma necessidade de afirmação, devido a alguma razão obscura escondida nalgum trauma de infância, mas não consisgo ter pena nenhuma.
  3. Leio sempre a última página de qualquer livro que comece. Aliás, nem é bem assim: leio as primeiras vinte / trinta páginas, e depois a última.
  4. Não ligo nada a roupa. Não compro roupa de marca e acho-o um desperdício de dinheiro (e não sou mesmo nada poupado). As minhas calças actuais foram compradas no Carrefour: "€8,99 - SÓ HOJE! €5,99!". As minhas t-shirts chegam a ter facilmente mais de 10 anos. Também não gasto dinheiro em sapatos. A minha última aquisição? Um par de ténis de pano, no Lidl na Alemanha, a €1! Do caraças.
    Para não correr riscos, mantenho-me há vinte anos no registo cromático do azul-branco-preto-cinzento, com pequenos desvios insignificantes (beige, etc.).
  5. Nunca vou ao cinema. A minha frequência é de um a dois filmes por ano. Tal como na roupa, acho-o um roubo e desconfortável. Bem sei que os cinemas de hoje em dia já são mais confortáveis (sobretudo em relação ao meu eterno problema de "onde raio é que ponho as pernas"), mas ainda acho caro demais. Dantes, um puto ia ao cinema recorrendo à semanada, hoje em dia estoira-a com uma ida. E nem falo das pipocas! Se é um cinema que permite que se coma no interior, então não vou mesmo; nem à lei da bala. O último filme que fui ver? O Wallace & Grommit. Lá teve de ser, claro.
  6. Sou obsessivo com fechos de caixas. Não consigo parar de abrir e fechar as tampas dos telemóveis, do compartimento das pilhas do telecomando, a caixa de CD, qualquer objecto menor, que dê para abrir e fechar, lá estou eu: abre, fecha, abre, fecha...
E pronto. Ainda bem que, aqui, sou maizoumenos anónimo. E, como as regras do jogo assim o ditam (juro que não é por vontade própria! Mas, hehehe, mesmo que não fosse das regras...), aqui ficam mais seis vítimas etiquetadas:
P.S.: Só agora (às ôto-da-nôte) consegui dar uma volta por aí, e reparei que me etiquetaste. Como é foleiro fazer uma segunda escolha (eu também não gostaria de o ser), não vou aqui fazer um convite alternativo. Seja como fôr, se quiseres adicionar mais meia dúzia, 'tás à vontadinha!

Monday, 14 August 2006

Dolce far' niente

preguiça
Claro que "dolce far' niente" é um overstatement (record! 8 palavras, quatro delas sem serem em português!), mas o asterisco vai de férias (já devia ter ido na sexta-feira...). Portanto, até ao dia 28, não vai por aqui aparecer nada de novo.
Não vai dar para descansar muito, que agora é que a mudança de casa vai arrancar a todo o gás, mas agora, pelo menos, sou eu quem define o ritmo.
Para quem ainda não foi de férias, ou já delas voltou, fica aqui o asterisco sonoro dos próximos quinze dias: já os Monty Python diziam que as coisas podiam ser bem piores, mesmo quando se está pregado a uma cruz.
Ah, já me esquecia: quando voltar, responderei à tua etiquetagem.

Friday, 11 August 2006

I'm puzzled

Sempre tendo em mente, que o que é importante, pelo menos nas alturas nas quais não se está de férias, é os dias úteis passarem a correr, fica aqui mais um abuso à paciência de todos.
É o procedimento do costume:
  1. Download (click com a tecla da direita do rato e seleccionar a opção para descarregar para o computador - garantidamente livre de virus, não tivesse origem num Mac!);
  2. imprimir (só as primeiras duas das três páginas! A terceira é muito grande, e só para terem a solução);
  3. Colar numa cartolina;
  4. recortar as peças (é aqui que vou ser amaldiçoado);
  5. cagar nisto e abrir o documento que descarregaram, indo directamente para a página três.

Thursday, 10 August 2006

A janta do Manel

last supper
Anúncio para a casa de moda Marité + François Girbaud

Não sei se o Manel tem jeitinho para a cozinha, mas cheira-me que não. Esperemos que os Black Tongue não tenham razão, e que o Manel tenha sobrevivido "o comer" dessa noite.
O post do asterisco sonoro de hoje, extraordinariamente, não tem o nome do grupo a fazer de link, porque, simplesmente, não encontrei rigorosamente nada sobre os tipos. E, no entanto, o sonzinho até é bem audível, bem à maneira do mercado discográfico...

Manel! O qu'é que tu foste fazer?!

jantar do manel
recebido por e-mail

Wednesday, 9 August 2006

Som ensacado

Tendo em conta o post anterior, o asterisco sonoro de hoje presta homenagem ao saco de papel castanho, através duma canção dos Goldfrapp.
Pelos vistos não sou o único com este fetiche...

Que saco!

paper bag
Adoro estes sacos de papel castanho. De dentro dum saco destes, que quando se amassam soam a uma fogueira a queimar lenha como se a sua vida dependesse disso (e até depende), só pode sair uma coisa boa. Sempre que tenho de ir à rua comprar uma sandocha para o almoço (demasiadamente frequente, infelizmente), embrulham-ma num saco de papel castanho, e eu guardo-os todos (desde que estejam limpos). Aliso-os, respeitando as dobras originais, e ponho-os numa gaveta. Não sei porquê: nunca reutilisei nenhum, nem faço grande tenções de alguma vez o fazer. Mas não os consigo deitar fora.
É um afecto sonoro.

Tuesday, 8 August 2006

...o, Pink, q, r, s, t, u, v, Wolfmother, x, y, z.

lupa capitolina
Para hoje, a última etapa da sequência alfabética das mais recentes aquisições musicais: Wolfmother. O artigo do link, na introdução, di-lo todo: um grupo deslocado no tempo, cerca de trinta anos atrasado. O que, posto assim, até parece uma coisa má. Não o é: com a parafernália de grupos a inspirarem-se (copiarem, seria o termo mais indicado) nos grupos de fins de '70 / princípios de '80, é bom haver um que de facto se inspira e cria algo de novo.
Fica aqui o desafio: quantos grupos / músicos dos anos '70 conseguem descobrir nestas duas canções? No CD todo, já vou numas 15 (The Who incluidos, mas nestas não se percebe tão bem).
Seja como for, 4 referências deviam ser óbvias.

Monday, 7 August 2006

...i, j, k, l, Mattafix, Nelly Furtado, o, Pink...

pink
A penúltima da sequência das últimas aquisições passa pela Pink. Gosto particularmente da primeira das duas canções: a rapariga que sai à noite só para se divertir e que dá negas ao tipo do engate: "Hoje à noite, és tu e a tua mão". Hehehe.

Orgulho nacional (?)

improvised
Os portugueses orgulham-se de poucas coisas. Aliás, contam-se pelos dedos duma mão as coisas das quais os portugueses se orgulham genuinamente: a sua história (mais particularmente, pelo facto de terem dado um chuto no cu aos espanhóis/castelhanos por duas vezes e pelos Descobrimentos), o Eusébio (no que deve ser o único orgulho que atravessa até as clubites) e aquela capacidade, pelos vistos muito própria, do desenrascanço.
Não há nenhum português que não incha pelo menos um pouco o peito de cada vez que tenta explicar a um estrangeiro como somos bestiais a "desenrascar", e como isso faz de nós uns tipos do caraças.
Tratamos o desenrascanço, como se fosse um bicho, que só se dá neste jardim à beira-mar plantado. Se se levar um desenrascanço para longe, ele morre; só nós é que o temos. O que até tem o seu quê de verdade: nós somos os reis do desenrascanço. Posto perante uma situação de extrema urgência, qualquer portugês minimamente decente faz do MacGyver um totó que, por algum acaso tem um canivetinho suiço. O tuga, "desenrasca-se" com uma faca ferrugenta da Benedita. O problema, é que nos habituamos tanto ao desenrascanço, que, ao contrário do MacGyver, somo nós que provocamos a necessidade de a ele termos de recorrer. Uma das nossas "virtudes", bem vistas as coisas, nada mais é do que uma boa desculpa para não planearmos nada e adiarmos tudo: "Depois a malta desenrasca-se!" E ficamos todos contentes, porque, a 10 segundos do prazo de termos de ter algo pronto, "temos a coisa desenrascada". E os nervos em franja. Mas somos uma máquina a desenrascar. Podíamos ter sido uma máquina a fazer a coisa bem feita, descansadinhos. Mas não! Porque o que nós sabemos bem, é desenrascar. No entanto, temos uma admiração bestial pelos povos que fazem as coisas bem feitas: "Uma máquina, isto. Os gajos é que sabem fazer carros!".
Em suma: o desenrascanço não é uma virtude. É um vício. O problema do desenrascanço, capacidade da qual até nos deveriamos orgulhar, é que ele devia ser a excepção e não a regra.
Sendo a regra, como acontece, não é motivo de orgulho, é de vergonha.
Mas já vem de há muito tempo, como se verificou recentemente num documento descoberto na Torre do Tombo:
- Vossa Majestade já pensou no que faremos na campanha?
- Meu caro conde, chegados a Alcácer-Quibir, logo se vê. Havemos de nos desenrascar.
- Mas Vossa Majestade tende noção que estamos em inferioridade numérica?
- Com certeza. Mas a gente desenrasca-se, vai ver.
- Mas, e se correr algo mal? Ou mouros também não são propriamente estúpidos.
- Não vai correr nada mal, descanse. Vai ver que depois desenrascamos algo.
- E que providências deverei tomar para o caso de Vossa Majestade ser tomado prisioneiro ou, Deus nos acuda, cair em batalha?
- Não se preocupe. Nada disso acontecerá. Na pior das hipóteses, serei preso, mas desenrascarei algo para me livrar do cativeiro.
- E voltareis para Portugal?
- Claro. A coberto do nevoeiro.
- Mas, Vossa Majestade, naquela zona não é comum o nevoeiro. Sereis visto!
- Meu caro conde, vai ver que desenrascarei algo.

Friday, 4 August 2006

Para aproveitar o balanço

Para não incorrer no politicamente incorrecto, cada um clicka na cor e letra que achar que lhe estão mais próximos.


...g, h, i, j, k, l, Mattafix, Nelly Furtado...

Para o fim-de-semana, e na continuação da sequência alfabética dos últimos CDs que me entraram pela porta dentro, duas canções do último da Nelly Furtado - e não, não é o "Maneater", que para ouvir essa, basta ligar a SIC Mulher que passa lá a rodos. Se o outro dizia que era o Alfa e o Omega, aqui cumpre-se: são a primeira e a última canções do CD.

Estatisticamente falando

Não confies demais no que dizem as estatísticas, até teres descortinado o que elas não dizem.
William W. Watt
juiz americano

Portanto, fica aqui o convite: relativamente aos dois "posts de regalo p'rá vista", esta é a estatística no que respeita aos comentários a cada um deles:
tabela
Ainda não sei bem o que é que isto quer dizer, e muito menos o que não quer dizer, mas cheira-me que há por aí opiniões.

Thursday, 3 August 2006

Danko Jones, e, f, g, h, i, j, k, l, Mattafix

Para hoje, nos asteriscos sonoros, duas canções do segundo CD da última leva, sempre segundo o critério do abecedário: Mattafix. Por coincidência, vão estar a tocar hoje no Sudoeste. Portanto, quem não pode ir, mas até estava para aí virado, é só fazer click no play, e fechar os olhos.

A pedido de Suas Majestades

Por quatro razões, esta, esta, esta e esta, sendo que a terceira especificou o pedido, aqui fica o gajo do anúncio da Lacoste, Ian Lawless.
Agora co'licença, que vou ali escarrar no chão, amandar três imperiais bota-abaixo e assediar sexualmente a gaja boa da contabilidade, para compensar este momento ligeiramente gay.
ian lawless

Wednesday, 2 August 2006

Uma ameaça é como uma promessa...

...e portanto, tal como ameaçado, aqui estão as cinco últimas aquisições: sobre a Pink, não só já falei anteriormente, como até foi pretexto para aqui colocar uma fotografia da Monica Bellucci; em relação à dualidade de critérios: epá, deixem-me ganhar coragem...
O disco da Nelly Furtado é do melhorzinho, que a pop tem para oferecer. E digo "melhor", porque é mesmo bem feito. Uma piscadela ao electrónico aqui, uma piscadela ao Hip-hop ali e tudo muito bem combinado. Nunca fui muito à bola com ela ("I'm like a bird" dava-me espasmos do esófago para cima), mas este, dou a mão à palmatória.
"Sleep is the Enemy", o último do Danko Jones resume-se, muito simplesmente, a isto: se os AC/DC fossem capazes de compôr fora do estereotipado que já provaram dar frutos, era isto que fariam. Rock puro e duro, na verdadeira acepção da palavra: ponho o CD no leitor, carrego no play, e as pernas já não param de bater, até ao fim.
Em relação aos Wolfmother, não há muito a dizer. É o primeiro CD deles, e ouvi-lo, é voltar atrás no tempo 30 anos (quando eu ainda nem ouvia música...). De todos os revivalismos que ultimamente por aí têm aparecido este está lá no topo. Black Sabbath, Led Zeppelin, Uriah Heep, Blue Oyster Cult. Está lá tudo. Cada vez que o oiço, descubro mais um grupo escondido. E as canções são boas. MESMO boas.
Os Mattafix são dois músicos ingleses; um vindo das Indias Ocidentais, outro de pais indianos, cada um com as suas influências musicais, o que resulta numa fusão de Reggae, Hip-hop, Dancehall, e mais. O "Big City Life" já por cá passou por duas vezes - foi a canção que me fez ouvir mais um pouco do disco. A seguir, foi só mandar vir. Em termos gerais, este é o meu critério: só por uma ou duas canções boas, não compro um CD - não recompenso a aplicação da lei do menor esforço. A partir daí, reconheço o mérito a quem ele é devido, e compro. E este, comprei-o.
Para hoje, nos asteriscos sonoros, e para adoptar um critério insuspeito (a sequência alfabética), duas do Danko Jones.

A mãe de todos os males

finger
Ontem tive de ir deixar o potente motociclo ao estofador. Um paralelipípedo qualquer decidiu que tinha uma piada bestial rebentar com o assento a golpes de chave: três rasgos, duma ponta à outra. Um banco novo custa a módica quantia de €150 (+ IVA). Assim, ficou-me por €30.
Seja como for, isto pôs-me a pensar (pelo menos, depois de ter deixado de fumegar). E cheguei à conclusão que o problema de Portugal, não é a corrupção. Nem o facilitismo, nem a inoperância, nem nada disso.
A mãe de todos os males (alternativamente, chamem-lhe "o pai"), em Portugal é a falta de civismo. É por sermos um povo maioritariamente desprovido de civismo que conduzimos como uns animais, que contemplamos a possibilidade de aceitarmos subornos, que não nos passa pela cabeça aceitarmos um cargo somente para servir os outros, e que somos lestos a aplicarmos justiça pelas próprias mãos ("Olha-me este cabrão do motociclista, que me gamou um lugar tão bom para o meu Ford Escort! Toma lá isto, que é para aprenderes!").
O problema é que a falta de civismo é um círculo vicioso: a primeira coisa que pensei, foi deixar a mota a ocupar dois lugares e passar a noite à janela, para ver se descobria o bicho. Depois, partia-lhe os vidros do carro TODOS. Ou furava-lhe os pneus. Qualquer coisa. Enfim, uma falta de civismo qualquer.
Correndo o risco de soar como um velho do Restelo: isto, assim, não vai a lado nenhum.
Por cada pessoa que faz algo de decente, aparecem logo três ou quatro que tentam aproveitar ao máximo as portas que se abrem, sem olharem se prejudicam alguém. Aliás, a capacidade de se aproveitarem duma situação inflingindo o máximo de estragos a um número maior possível de pessoas, é uma característica elevada a arte entre essas pessoas.
É evidente que rebentar um assento duma mota não é nada de especial, no panorama global. Mas é um indício. Em termos morais, é igual ao tipo que se encosta ao carro da frente na autoestrada porque "aquela besta anda a pisar ovos", é igual ao vereador que aceita uma massas porque "só mais um também não faz a diferença", é igual ao deputado que só vai a metade das sessões, porque "não me pagam para isto" (não tivesse aceite...).
O cúmulo da falta de civismo, para a qual em Portugal até se arranjou uma expressão, tal era a abundância dele, é o "chico-espertismo". Está bem que "chico-esperto" é um termo depreciativo. Mas não deixa de ser um facto que, para poder existir a frase "Esse gajo é um chico-esperto", é necessário que exista um chico-esperto que a profira, bem como um que a oiça. E, na maioria das vezes que é proferida, é-o por alguma inveja. Coisa na qual também somos pródigos.
E, no entanto, com um pouco de esforço, já demonstramos por mais do que uma vez que somos capazes de melhor do que isto que temos de momento. É que, pelo andar da carroça, arriscamo-nos a deixar de andar na cauda da Europa, para passarmos a habitar no tracto intestinal, feitos bichas-solitárias. E já se sabe com o que é que teríamos de conviver aí.

Compensação

Em comentário ao post anterior, foi lamentado o facto de eu não ter aproveitado a deixa da Pink para lá colocar uma "gaja boa" (sic). Portanto, e como quem manda é o freguês, fica aqui uma, para colmatar a falha. Serve?
monica

Tuesday, 1 August 2006

Cor-de-rosa...

...não é a minha cor favorita. Aliás, por força da minha actividade, não me posso dar ao luxo de ter cores favoritas: há uma altura para qualquer uma delas. Sim, até pastéis...
Por entre os cinco CDs que aqui aterraram hoje, está, no entanto o último da Pink (ou P!nk), como diz na capa. Oh, sim. O asterisco também ouve pop. E este, por sinal, é bem feito como o anterior disco dela já era, aliás.
Amanhã (fica aqui a ameaça), cai aqui um post com os CDs de hoje. Para hoje, no entanto, fica aqui uma da Pink, com as Indigo Girls, que mostra que ela até sabe do que fala (apesar de, admitidamente, a canção política "bate-no-Bush" ser uma fórmula fácil - se bem que justificável, e não é pouco).
Em relação à Pink, gosto dela; acho que tem estaleca.

Alvito

Já referi nos comentários do post anterior, que o fim-de-semana passado foi, em boa parte, passado no Alvito (a ida a V.N. de Milfontes deu para duas idas à praia, nas pontas dos três dias, mas foi só a primeira e última etapa).
O Alvito não vale muita coisa (hei, processem-me!). É uma terra, como tantas outras, que já viu os seus tempos de glória passar. Como todo o resto do Alentejo, tem a vantagem de as pessoas genuinamente gostarem de tratar da sua terra: tudo está limpinho, as casas estão arranjadas, mesmo que isso saia do bolso de quem não tem, de facto muito - o norte de Portugal, nesse aspecto, é frequentemente desolador. No norte (e contra mim falo, que todas as minhas costelas lusas de lá vêm (eu sei, S.: a sul do Douro não é norte...)), as casas servem para habitação, ponto-final-período, e existe um desmazelo, não generalizado, mas muito frequente.
O Alvito tem um castelo, que, em abono da verdade, nunca foi bem um castelo, pelo menos na definição de "castelo" como "fortificação": logo na sua concepção, no séc. XV, foi desenhado para ser uma residência. A vantagem disso, é que passou ao lado de todas as iniciativas bélicas, mantendo-se razoavelmente igual ao que era na altura (apesar de ter havido a necessidade de o recuperar, após um certo descuido durante o séc. XX). Como consequência de não ter funções bélicas, acabou numa construção "amorosa". cito, aqui, a senhora, que homem que é homem, emprega, na melhor das hipóteses, a palavra "giro", e só quando é para se referir a alguma parte da anotomia feminina ou a um desporto radical qualquer. Exemplos?
- Epá, a tua mulher é muito gira! - e só se emprega aqui o termo "gira", porque se se admitisse os pensamentos que se teve, o amigo deixa de a trazer, ou
- Então? Esta merda de salto em queda livre com abertura do páraquedas a 20 metros do chão? O que é que achaste?
- Epá, é giro, mas sabes como é que é. Eu cá, é mais coisas mesmo excitantes. - seguido de uma ida à lavandaria para a limpeza a soda cáustica de toda a roupa abaixo da cintura.
Seja como for, "amoroso" é, admitidamente, um termo aplicável. O castelo do Alvito tem duas vantagens enormes: é o monumento mais importante do Alvito, e é, ao mesmo tempo, uma Pousada (o que acarreta a desvantagem de não ser barato...). Seja como for, mata-se dois coelhos de uma só cajadada: arranja-se alojamento e vê-se o castelo (que, de "amoroso" que é, está visto em vinte minutos). Na imagem, à direita, o castelo visto do jardim (que fica do lado de fora das muralhas, com piscina, que 40º à sombra não são para brincar!) - a janela do quarto que mais foi abusado este fim-de-semana é a do meio das janelas com coluna a dividir. Na imagem da esquerda, a vista para o pátio (no interior, portanto), mais especificamente para o restaurante - outro ponto alto da estadia - comi aqui, o que foi a melhor sopa da minha vida e que, com justiça, faz parte das lista de recomendações do cozinheiro: sopa de tomate à Alentejana, com ovo e pão. Ainda me estou a babar.
alvito castelo
De resto, o Alvito não tem muito para se ver, aparte das igrejas e monumentos do costume, que, neste caso específico, não se destacam particularmente.
O único destaque, para o qual se vai bem a pé do castelo (mesmo com muito calor), são as grutas do Alvito, aliás do Rossio, que, aliás, nem são grutas.
alvito grutas
Os mouros começaram a fabricar mós no Alvito, com a particularidade de o fazerem não a céu aberto, mas subterraneamente. A pedra era partida e a mó feita no local. Esta actividade manteve-se até ao séc. XVII, tendo-se depois esquecido a gruta que daí resultou. Só se voltou a encontra-lá em meados do séc. XX, quando uma carro de bois aí enterrou uma roda. É que, não só era uma exploração subterrânea, como só tinha saidas via túnel até à Câmara Municipal (entretanto tapada), que era, em tempos, uma prisão (adivinhem quem era "recrutado" para esculpir as mós), bem como a um convento (dos trinitários, que "herdaram" a exploração dos mouros), também entretanto tapada. Não havia, portanto, indícios exteriores da sua existência. Agora, pode-se visitá-la, com direito a guia - a senhora que nos leva, é duma autoridade marcial, o que torna a coisa ainda mais engraçada.
quem quiser mesmo, pode ainda dar um salto à Igreja Matriz, a pé. É interessante, sem ser deslumbrante, e o passeio pedonal tem a vantagem de abrir o apetite para a caminhada direitinha à piscina da pousada. De resto, passa-se um fim-de-semana de papo para o ar, o que, convenhamos, não é nada mal visto.


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