Agora, já temos o bom do nosso trinitrato de 1,2,3-propanotriol, que tem a desvantagem de explodir ao espirro. E como isto tem graça mas é com os outros, vamos tornar a coisa menos antipática para os nossos lados. Tratemos, então, de facilitar o transporte. E de evitar irmos parar a Marte, quando exclamarmos a plenos pulmões: "Toma lá ó meu ganda filho duma cadela!".
Primeiro, precisamos de terra diamitácia (dióxido de silício em pó). Para isso, é só ir ao supermercado, e comprar areia de gato (aquela das pedrinhas brancas). A parte chata é eliminar as pedrinhas: ou moem tudo (complicado, que aquilo é duro como cornos) ou eliminam as pedras, ficando com o pó e a areia. O truque, é que essa terra é muito absorvente (claro) e tem a característica de estabilizar a Nitroglicerina: uma vez absorvida, podem atirar com aquilo contra uma parede, que não acontece nada.
Portanto, agora, é simples: pegam na areia diamitácia, e despejam-na, com cuidado, na Nitroglicerina. A proporção é de uma parte de areia para três de Nitro. Depois, para dar um gostinho especial, juntam-lhe um pouco de carbonato de sódio.
Isto vai fazer uma espécie de barro, após o tempo de absorção do líquido.
Agora já estão à vontade: é pegar nesse barro e transformá-lo em barras (um tamanho bom é de 2,5 cm de diâmetro e 15 cm de comprimento). De seguida, enrolam isto em papel. Uma boa ideia é usar papel encerado, visto que ao fim de um certo tempo as barras têm tendência a "suar", libertando a boa da Nitroglicerina na sua forma pura, o que, como a gente já descobriu, é mau. Com papel encerado, minimizam isso. Mas não eliminam: não deixem isto lá por casa por muito tempo...
Agora, vamos pôr isto a funcionar. Dinamite não explode com um pavio - fica bonito nos filmes, mas é só isso.
Tem que se ter um fulminante específico que, claro, não é de venda livre. Quem não se impressionar com o cheiro tem outro remédio: é ensopar em gasolina ou petróleo e mandar brasa - depois de incendiado, têm prái 6 segundos para fazer chegar ao destinatário.
A forma elegante, é a daquela caixa com a pega, que faz uma descarga eléctrica no fim de dois fios que estão ligados à barra, mas também não me parece que seja de fácil aquisição.
O inventor disto, ficou tão podre de rico com a patente, que pôde instaurar o prémio Nobel da Paz, entre outros. As voltas que a vida dá.
De resto, fui obrigado a escrever isto tudo sob ameaça de uma pistola encostada à têmpora direita.