Como já tinha explicado num comentário, lá em casa, o Natal era festejado a partir de 1 de Dezembro. Só aí é que se tirava as decorações da caixa e se enfeitava alguns cantos da casa - não a vinte-e-poucos de Outubro, Exmos. Srs. Comerciantes de Lisboa...
Para nós, putos, havia um calendário de advento, com vinte e quatro portinhas numeradas. Todos os dias, tinhamos de encontrar a portinha com o número correspondente ao dia e abri-la. Atrás dela, encontrava-se o desenho de um brinquedo, excepto na porta 24, que era maior e abria de par em par e que escondia sempre (e mal, portanto), o estábulo de Belém.
A árvore de Natal era decorada só nesse dia, nunca antes, e pelos meus pais. Nós só a viamos, quando chegava a altura de trocar as prendas. As luzes eram velas verdadeiras, presas aos ramos com uns castiçais especiais, que tinham um gancho e um peso em forma de pinha em baixo, para as manter direitas. As velas tinham de durar até ao dia 6 de Janeiro; nunca eram trocadas e só eram acendidas nos dias 24, 25 e 31. A última vez, acendiam-se no dia 6 e queimavam até ao fim; depois era desmontada a árvore.
Outra coisa que havia, era a coroa de advento: uma roda feita de ramos de pinheiro, com quatro velas, que simbilizavam os quatro Domingos antes do Natal: a cada um deles, acendia-se mais uma vela, até ao último; durante a primeira semana acendia-se uma vela ao jantar, à segunda, duas, e por aí fora.
Isto tudo para explicar o porquê do asterisco entrar em período natalício um dia antes do prazo ancestralmente estabelecido: como afinal deve haver uma espécie qualquer de ente superior, que fez com que, inesperadamente, eu amanhã afinal tenha feriado, o perfil, ali em cima à direita, fica colorido mais cedo, durante os próximos tempos.